Organizações internacionais distinguem magnata dos media condenado em Hong Kong

Hong Kong, China, 15 out 2025 (Lusa) – O magnata dos media de Hong Kong Jimmy Lai, a cumprir pena por organizar protestos antigovernamentais, foi reconhecido como Herói Mundial da Liberdade de Imprensa pelo Instituto Internacional de Imprensa (IPI) e pelo International Media Support (IMS).

“Os galardoados deste ano são um exemplo das ameaças que os jornalistas enfrentam em todo o mundo à medida que o autoritarismo avança e a impunidade continua”, afirmou o diretor executivo do IPI, Scott Griffen.

“Com este prémio, honramos a sua coragem, empenho e legado, ao mesmo tempo que reiteramos o apelo urgente para proteger a liberdade de imprensa como um pilar de qualquer sociedade livre”, acrescentou.

Nascido em 1947 na província chinesa de Guangdong, no auge da guerra civil, Lai fugiu aos 12 anos para Hong Kong, então colónia britânica, depois de a família ter perdido a fortuna com a chegada de Mao Zedong ao poder, escreveu a agência de notícias Efe, numa breve biografia.

Começou como aprendiz numa fábrica têxtil e, mais tarde, fundou a marca de vestuário Giordano, um sucesso comercial em toda a Ásia.

Com os lucros, criou o grupo Next Digital, responsável pela revista semanal Next Magazine e pelo diário Apple Daily, lançado em 1995.

Inspirado pelo massacre de Tiananmen, em 1989, transformou os meios de comunicação social num ponto de referência pró-democracia e numa voz crítica em relação a Pequim, referiu a Efe.

Mais tarde, continuou a agência de notícias, com a transferência de soberania de Hong Kong, em 1997, o jornal afirmou-se como defensor da liberdade de expressão e símbolo do empenho de Lai nos valores democráticos face ao controlo do regime chinês.

O empresário foi detido em agosto de 2020 sob a acusação de “conluio com forças estrangeiras” e “publicações sediciosas” ao abrigo de uma nova lei de segurança nacional. O julgamento, concluído em agosto, após quase dois anos de atrasos, poderá resultar em prisão perpétua.

Lai, que está a cumprir outra pena por “reunião ilegal” e “organização de uma manifestação não autorizada”, permanece em isolamento numa prisão de segurança máxima, enquanto organizações internacionais denunciam a deterioração do estado de saúde e alertam para violações dos direitos fundamentais do empresário.

O Apple Daily foi encerrado em junho de 2021, na sequência de rusgas, confisco de bens e detenção dos dirigentes. Para muitos, o encerramento marcou o fim de uma era de liberdade de imprensa em Hong Kong.

O prémio vai ser entregue a 24 de outubro, em Viena, no Congresso Mundial do IPI, e será recebido pelo filho Sebastien Lai.

“O meu pai sacrificou tudo corajosamente por princípios essenciais para a humanidade”, disse Sebastien Lai, esperando que “tudo seja feito para garantir a libertação imediata e incondicional” do pai.

O caso gerou uma onda de condenação internacional. Em novembro de 2024, um relatório da ONU considerou a detenção ilegal e exigiu a libertação de Lai. Governos e organizações de todo o mundo manifestaram apoio, transformando-o num símbolo global da luta pela liberdade de expressão.

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