Hezbollah reitera recusa em desarmar quando assinala um ano da morte do ex-líder

Beirute, 27 set 2025 (Lusa) – O líder do Hezbollah, Naim Qassem, reafirmou hoje que o grupo xiita libanês não vai depor as armas, rejeitando a intenção do Governo, durante uma grande cerimónia para assinalar o primeiro aniversário da morte do seu antecessor Hassan Nasrallah.

“Tenho seguido o seu caminho desde a sua ausência, seremos os portadores da verdade (…) Não abandonaremos a frente de guerra e não abandonaremos as nossas armas”, declarou Qassem, num discurso transmitido em ecrãs gigantes perante milhares de seguidores reunidos junto ao mausoléu de Nasrallah, nos arredores de Beirute.

“Vamos continuar, seremos resilientes e estaremos prontos para o martírio”, defendeu o atual secretário-geral do Hezbollah, citado pela agência EFE.

Este mês, o Exército apresentou um plano para o Hezbollah depor as armas, encomendado pelo Conselho de Ministros, que a instituição militar planeia implementar por fases.

Qassem criticou as tentativas de desarmar o grupo como, na verdade, procurando “desarmar o Líbano” e pediu ao Governo que se concentre na defesa da “soberania” do país, pondo fim à presença de tropas israelitas que ainda ocupam cinco locais no seu território.

O líder do movimento insistiu que enfrentarão qualquer programa que sirva os interesses de Israel, “mesmo que esteja disfarçado de projeto nacional”.

No entanto, enfatizou a necessidade de manter a “unidade interna” no Líbano e trabalhar para alcançar um país “forte”, considerando o seu treino como “a base dessa força”.

“O inimigo esperava que caíssemos, mas retomámos a iniciativa, elegemos um novo secretário-geral e substituímo-lo por novos líderes”, concluiu Qassem.

O dirigente do movimento xiita falava perante milhares de apoiantes, que acorreram hoje ao mausoléu do líder assassinado por Israel há um ano, após mais de três décadas à frente do Hezbollah.

Os seguidores agitavam faixas amarelas do grupo e bandeiras libanesas e iranianas, enquanto os altifalantes tocavam canções partidárias e religiosas, relatou a agência noticiosa francesa, AFP.

O ex-líder do Hezbollah foi morto em 27 de setembro de 2024, num intenso ataque à bomba israelita a um quartel-general subterrâneo nos subúrbios da capital, onde decorria uma reunião com comandantes do movimento iraniano e xiita.

O seu sucessor designado, Hashim Safi Al Din, também foi morto num outro ataque no início de outubro.

Entre os participantes na cerimónia estão também o secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional (NSSC) do Irão, Ali Larijani, representando o aliado Teerão, bem como delegações do Iémen e de outros países da região com grupos pró-Hezbollah.

Paralelamente à concentração no mausoléu, o grupo político e armado organizou dois outros eventos simultâneos no sul do Líbano e no leste do Vale de Bekaa, as suas principais áreas de influência.

O Presidente libanês, Joseph Aoun, emitiu uma declaração por ocasião do aniversário, apelando à unidade e reiterando que só com “solidariedade nacional” podem ser enfrentadas as ameaças de segurança, políticas e económicas com que o país se confronta atualmente.

“Aoun expressou esperança de que este doloroso aniversário seja um momento de unidade e para fortalecer a crença de que o Líbano só pode ser salvo através de um único Estado, um único exército e instituições constitucionais que protejam a soberania”, de acordo com uma nota da Presidência libanesa.

O movimento havia aberto uma frente contra Israel no início da guerra em Gaza, em 7 de outubro de 2023, alegando estar agindo em apoio ao movimento islamita palestiniano Hamas, seu aliado.

As hostilidades evoluíram para uma guerra aberta em setembro de 2024, até um cessar-fogo entrar em vigor, em 27 de novembro.

Israel, no entanto, continua a atacar regularmente alvos do Hezbollah no Líbano.

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