Banco Mundial fecha novo quadro de parceria com Moçambique até final do ano

Maputo, 16 set 2025 (Lusa) – O Banco Mundial afirmou hoje que o novo Quadro de Parceria com Moçambique deverá estar fechado até final do ano, mas garante não ter compromisso com um pacote de investimento de 50 mil milhões de dólares, conforme noticiado.

“Relativamente a uma notícia recente que faz referência a um pacote de investimento de 50 mil milhões de dólares para Moçambique, esse valor não corresponde a qualquer compromisso formal, nem foi objeto de discussão oficial por parte do Banco Mundial”, refere um comunicado do Escritório do Banco Mundial no país.

O Presidente de Moçambique apontou a agricultura, agronegócio e turismo como áreas estratégicas para a criação de empregos no país, durante um encontro em Maputo com o vice-presidente do Grupo Banco Mundial (BM), Ndiamé Diop, para discutir oportunidades de investimentos no país africano.

Num comunicado de 12 de setembro da Presidência lê-se que “o Presidente da República, Daniel Francisco Chapo, apontou hoje a agricultura, o agronegócio e o turismo como alguns dos setores estratégicos para a criação de empregos em Moçambique, defendendo que a agenda laboral deve orientar todas as políticas de desenvolvimento”, acrescentando que no encontro com Diop foram discutidos, entre outros, oportunidades de investimentos de “cerca de 50 mil milhões de dólares [42,6 mil milhões de euros]” no país.

Já segundo o Escritório do BM em Moçambique “as discussões e consultas públicas sobre o apoio financeiro e técnico” do grupo ao país “para os próximos cinco anos encontram-se atualmente em curso” e será “formalmente anunciado após a discussão sobre o próximo Quadro de Parceria com o País (Country Partnership Framework) pelo Conselho de Diretores Executivos do Banco Mundial, o que se prevê que ocorra antes do final do ano”.

“O Grupo Banco Mundial mantém o seu compromisso firme com as prioridades de desenvolvimento de Moçambique e espera continuar a fortalecer a sua parceria com o Governo, através de uma estratégia abrangente e alinhada com as aspirações do país”, conclui o esclarecimento.

O BM vai avançar com uma parceria com Moçambique a cinco anos, apostando no turismo, energia e qualificação dos jovens, como anunciou em 20 de julho o presidente da instituição, defendendo a urgência de o país estabilizar as contas.

“A primeira coisa que Moçambique deve fazer é um esforço para estabilizar a sua situação macro fiscal. Porque se não se fizer isso, é muito difícil dar estabilidade a uma população e atrair o setor privado”, disse o presidente do BM, Ajay Banga, questionado pela Lusa no final de dois dias de visita ao país.

“Têm uma nação jovem e em crescimento. E esse é o vosso dividendo”, sublinhou, apontando a prioridade da “dignidade” de um emprego da população e de qualificar os jovens: “Não temos 30 anos para fazer isto corretamente. Porque se os jovens não tiverem esperança, farão coisas que não queremos, incluindo a migração para outros locais e a instabilidade”.

Banga, que esteve reunido no dia anterior, em Maputo, com o Presidente moçambicano, Daniel Chapo, defendeu que é necessário “dar uma oportunidade” aos jovens e ao setor privado que cria os empregos.

“Há quatro ou cinco coisas que nós, enquanto instituição, podemos fazer com Moçambique. Criar um novo quadro de parceria nacional, uma visão a cinco anos, ajudar com energia, com os corredores [três, que ligam os portos ao interior e aos países vizinhos], com a agricultura e as pequenas empresas, com a qualificação e com o turismo”, enumerou, reforçando o apelo para a organização da situação macrofiscal do país.

“Têm sol, gás, há a energia hidroelétrica. Têm a capacidade de criar eletricidade (…), é um dos maiores fornecedores da rede energética da África austral, há uma enorme procura de eletricidade nos outros países, na maior parte dos casos, existe uma carência. Por isso, a possibilidade de ganhar divisas e, ao mesmo tempo, tornar-se um integrador regional de eletricidade, é enorme”, enfatizou o presidente do BM.

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