
Genebra, Suíça, 16 set 2025 (Lusa) — Mais de 10 mil crianças necessitam de tratamento para subnutrição aguda na cidade de Gaza, onde o exército israelita lançou hoje uma grande ofensiva terrestre, avançou hoje a UNICEF, avisando que a situação ainda vai agravar-se.
“A deslocação forçada em massa de famílias da cidade de Gaza representa uma ameaça mortal para os mais vulneráveis”, disse, a porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Tess Ingram, numa conferência de imprensa hoje realizada em Genebra, Suíça.
Segundo esta responsável, embora a situação já seja muito grave, a tendência será agravar-se.
“Estima-se que 26.000 crianças na Faixa de Gaza necessitem atualmente de tratamento para a subnutrição aguda, incluindo mais de 10.000 só na cidade de Gaza”, alertou.
No mês passado, explicou, mais de uma em cada oito crianças examinadas na Faixa de Gaza sofria de subnutrição aguda, “o nível mais elevado alguma vez registado”, sendo que, na cidade de Gaza, o número era de uma em cada cinco.
Os centros de alimentação em Gaza “foram forçados a fechar esta semana devido às ordens de evacuação e à escalada militar”, referiu a porta-voz da agência da ONU.
A ofensiva terrestre israelita na cidade de Gaza foi anunciada pouco depois da saída de Israel do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, que qualificou o grupo islamita Hamas como “um grupo de selvagens”.
O exército israelita afirma que os residentes de Gaza que abandonarem Gaza encontrarão comida, tendas e medicamentos numa zona a que chamam “humanitária”, situada em Al-Mawasi, no sul da Faixa.
Em quase dois anos de guerra, o exército tem bombardeado frequentemente áreas designadas como “humanitárias” na Faixa de Gaza, afirmando ter como alvo combatentes do Hamas.
“É desumano esperar que quase meio milhão de crianças, feridas e traumatizadas por mais de 700 dias de conflito incessante, fujam de uma visão do inferno para outra”, criticou a porta-voz da UNICEF.
Segundo um responsável militar israelita, cerca de 40% dos residentes da cidade de Gaza e arredores, estimados em um milhão pela ONU, já abandonaram a cidade, sendo que a UNICEF garante que, desde 1 de agosto, fugiram 150 mil pessoas.
Dadas as restrições à imprensa em Gaza e as dificuldades de acesso no local, não é, no entanto, possível verificar de forma independente os relatos das partes.
PMC//APN
Lusa/Fim