Universitários de Timor-Leste prosseguem protesto condicionado pela polícia

Díli, 16 set 2025 (Lusa) — Os estudantes da Universidade Nacional de Timor-Leste (UNTL) iniciaram hoje o segundo dia de um protesto que está a ser condicionado pela polícia, que os empurrou para o interior das instalações da universidade.

Cerca das 09:00 horas (00:00 em Lisboa), os estudantes já protestavam em frente à UNTL com a presença de um forte dispositivo policial, que cortou a Avenida Cidade de Lisboa, onde se entra para o Parlamento Nacional, para a UNTL e também para o Arquivo e Museu da Resistência Timorense.

Dezenas de alunos concentrados em frente à universidade a gritar palavras de ordem, incluindo contra as forças de segurança, que foram acusadas de defender corruptos, acabaram por ser empurrados para o interior do edifício pela polícia, que bloqueou a principal entrada da UNTL.

Passado cerca de uma hora, os alunos acabaram por fechar a porta da universidade e mudarem o protesto para o fundo da avenida, para um local mais afastado do parlamento, de onde foram dispersos pela polícia.

Os estudantes de quatro universidades de Timor-Leste iniciaram segunda-feira um protesto contra as regalias dos deputados, que foi disperso com gás lacrimogéneo pela polícia, depois de os manifestantes atirarem pedras e outros objetos contra o Parlamento Nacional timorense, onde decorria a abertura da terceira sessão da sexta legislatura.

O protesto levou a maioria parlamentar a recuar na decisão de adquirir novas viaturas para oa deputados.

Os estudantes reivindicam também o fim das pensões vitalícias para os parlamentares, alterações à lei da manifestação e a afetação de verbas significativas para setores que consideram estratégicos para o desenvolvimento do país.

O porta-voz dos manifestantes, Caetano da Cruz, afirmou hoje à Lusa que o protesto visa também expressar o descontentamento com o Governo liderado pelo primeiro-ministro, Xanana Gusmão.

“Como podemos estar satisfeitos com um Governo cujas decisões são, em grande parte, quase inconstitucionais, e com deputados, desde a primeira até à sexta legislatura, que muitas vezes discutem mais os seus interesses particulares e partidários do que os interesses do povo”, afirmou Caetano da Cruz.

O porta-voz reforçou que os estudantes mantêm o princípio de continuar a lutar pelo bem-estar do povo e exigir que os deputados renunciem a estes benefícios.

Caetano Moniz apelou também ao Parlamento Nacional para realizar uma sessão plenária que aprove uma resolução a cancelar a compra de viaturas para os deputados, lembrando que há informações de que o processo de aquisição dos veículos já se encontra em fase de execução.

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