Eurodeputados apelam à “condenação” da UE a ataque a navio da flotilha em águas da Tunísia

Lisboa, 09 set 2025 (Lusa) – Quase 50 deputados do Parlamento Europeu, entre os quais vários portugueses, de diferentes partidos, assinaram hoje uma carta dirigida aos mais altos responsáveis da UE a apelar à “condenação” do ataque ao navio humanitário para Gaza, na Tunísia.

Entre os signatários portugueses estão nomes como o de Marta Temido, ex-ministra da Saúde do Governo Socialista de António Costa, de Catarina Martins, antiga líder do Bloco de Esquerda, bem como de João Oliveira do PCP e Bruno Gonçalves e André Franqueira Rodrigues, ambos do Partido Socialista.

Na missiva enviada aos presidentes da Comissão Europeia, do Conselho Europeu e do Parlamento Europeu, os deputados apelam “a todas as instituições europeias para que condenem inequivocamente este ato criminoso e conduzam uma investigação exaustiva para determinar as responsabilidades”.

Considerando que aquele é um “ataque injustificável” que “demonstra um total desrespeito pela vida humana inocente e constitui um ato de guerra flagrante em águas tunisinas”.

“Ontem [segunda-feira] à noite, um ataque com drones, utilizando uma bomba incendiária, foi perpetrado contra o navio-mãe da Frota Global de Gaza. Trata-se de uma frota que transporta ajuda humanitária e ativistas pacíficos de todo o mundo, muitos dos quais se encontravam a bordo. Existem imagens de vídeo que mostram claramente o ataque”, realçam também os parlamentaristas europeus.

Entre os signatários estão também os deputados, Alessandra Moretti, Ana Miranda, André Franqueira Rodrigues, Aodhán Ó Ríordáin, Barry Andrews, Benedetta Scuderi, Brando Benifei, Carola Rackete, Cecilia Strada, César Luena, Cristina Guarda, Damien Careme, Daniel Attard, Dario Tamburrano, Emma Fourreau, Estrella Galán, Evin Incir, Hana Jalloul Muro, Irena Joveva, Irene Montero, Isabel Serra Sánchez, Jaume Asens LLodrà, Kathleen Funchion, Leoluca Orlando, Lucia Annunziata e Lynn Boylan.

Assim como, Manon Aubry, Marc Botenga, Marco Tarquinio, Maria Ohisalo, Maria Walsh, Matjaz Nemec, Mimmo Lucano, Mounir Satouri, Nicolae ?tefanu?a, Ozlem Demirel, Per Clausen, Rima Hassan, Rudi Kennes, Saskia Bricmont, Sebastian Everding, Vicent Ibáñez Marzà e Vlad Voicolescu.

A Flotilha Global Sumud (GSF, na sigla em inglês) difundiu hoje um vídeo em que mostra o ataque de um drone ao navio da organização ativista, com bandeira portuguesa, onde viajam para Gaza membros da sua direção.

O vídeo, gravado às 00:29 de hoje, mostra a chama de um disparo que desce do alto e a imagem e som de um impacto num dos “principais navios” da organização ativista, o ‘Family Boat’ (Barco da Família), que pegou fogo na sequência do ataque.

Num segundo vídeo, com uma tomada de imagem de outro ângulo, percebe-se que o ataque quase atingiu dois ativistas que se dirigiam para o local da embarcação alvejada, quando se encontrava atracada à margem no porto de Sidi Bou Said, em Tunes, capital da Tunísia.

A Guarda Costeira tunisina garantiu esta madrugada, através de um comunicado que “não existe qualquer ato hostil nem ataque externo”.

O motivo do incêndio, de acordo com a investigação preliminar das autoridades tunisinas, é que “partiu dos coletes salva-vidas desse navio”.

Ativistas da GSF acusaram Israel da autoria do ataque em vários vídeos divulgados nas redes sociais.

“Quem é o dono deste drone? Estamos em território soberano tunisino”, disse num destes vídeos o brasileiro Thiago Ávila, um dos membros da flotilha, que se encontrava no porto de Sidi Bou Said, onde as embarcações que partiram de Espanha no início do mês começaram a atracar no domingo, à espera de outras que aí se juntarão até ao reinício da viagem para Gaza esta quarta-feira.

De acordo com elementos da organização ativista que estavam a bordo do navio danificado, o incêndio apenas causou danos “superficiais”, como é também mostrado noutro vídeo, e o ‘Family Boat’ integrará a flotilha que seguirá para Gaza.

A GSF garantiu através de um comunicado enviado às redações, incluindo a Lusa, que todos os passageiros e tripulantes estão em segurança, ao mesmo tempo que denunciou o ataque como uma tentativa de “intimidar e frustrar” a iniciativa civil internacional.

As forças israelitas têm em curso uma ofensiva na Faixa de Gaza que causou mais de 64.600 mortos no território governado pelo Hamas desde 2007.

A ofensiva seguiu-se ao ataque do Hamas no sul de Israel, em 07 de outubro de 2023, que provocou cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.

ATR //

Lusa/Fim