
São Paulo, 03 jul 2025 (Lusa) – O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, instou hoje membros do Mercado Comum do Sul (Mercosul) a adotarem “um sistema de pagamento em moedas locais que facilite as transações digitais”.
“Podemos diminuir custos e reduzir riscos cambiais utilizando nossas próprias moedas. Precisamos de um sistema de pagamento em moedas locais revigorado e moderno, que facilite transações digitais”, afirmou Lula da Silva num discurso na cimeira que decorre em Buenos Aires, em que apresentou as cinco prioridades do Brasil, que assumiu hoje a presidência rotativa do Mercosul (bloco formado por Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia).
Entre os temas económicos citados pelo Presidente brasileiro está também o fortalecimento do comércio entre os membros do bloco e com parceiros externos.
Lula da Silva saudou o acordo de comércio anunciado entre o Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA), bloco composto pela Islândia, Principado de Liechtenstein, Reino da Noruega e Confederação Suíça.
“Estou confiante de que, até ao fim deste ano, assinaremos os acordos com a União Europeia e com a EFTA, criando uma das maiores áreas de livre comércio do mundo. Também avançaremos nas conversações com Canadá e Emirados Árabes Unidos”, disse.
“Na região, é preciso trabalhar com o Panamá e a República Dominicana, e atualizar os acordos com Colômbia e Equador. É hora de o Mercosul olhar para a Ásia, centro dinâmico da economia mundial”, acrescentou.
O presidente brasileiro recordou que o Brasil sediará a 30.ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30) em novembro próximo e, nesse contexto, também instou o Mercosul a unir forças contra as mudanças climáticas, “cujas consequências já são sentidas no Cone Sul” na forma de secas e inundações que “causam perdas humanas e destruição de infraestrutura e plantações”.
Lula da Silva alertou que a realidade está a mover-se mais rápido que o Acordo de Paris, que prevê metas individuais dos países signatários para a redução da emissão de gases de efeito estufa, e está a expôr a “falácia do negacionismo climático”.
Em concordância com a Argentina, o governante brasileiro citou o combate ao crime organizado como um desafio para o bloco e afirmou que não será possível derrotar organizações criminosas multinacionais sem uma ação conjunta.
“Não venceremos essas verdadeiras multinacionais do crime sem atuar de forma coordenada. Precisamos investir em inteligência, conter os fluxos de armas e asfixiar os recursos que financiam a indústria do crime”, afirmou Lula da Silva.
O Presidente brasileiro também anunciou a intenção de fortalecer parcerias para desenvolvimento de tecnologias de inteligência artificial e os mecanismos do Mercosul para a promoção dos direitos humanos e da cooperação em áreas sociais, além de convocar encontros de movimentos sociais e sindicais dos países do bloco.
Segundo Lula da Silva, “a força da democracia depende do diálogo e do respeito pela pluralidade”, dois valores pelos quais disse que o Brasil pretende trabalhar nos próximos seis meses para promover “uma integração solidária e sustentável”.
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