Arranca corrida à câmara alta do Parlamento em novo teste ao Governo do Japão

Tóquio, 03 jul 2025 (Lusa) – A campanha para as eleições de 20 de julho para a câmara alta do Parlamento do Japão começou hoje, num novo teste para o partido que apoia o Governo minoritário do primeiro-ministro do país, Shigeru Ishiba.

O Partido Liberal Democrata (LDP, na sigla em inglês) apontou como objetivo manter o controlo da Câmara dos Conselheiros, que detém com o parceiro de coligação, Komeito, desde a anterior eleição, realizada em 2022.

Para isso, a coligação precisa de conquistar, pelo menos, 50 dos 125 lugares em disputa nestas eleições para a câmara alta, composta por 248 membros.

A campanha representa um novo teste para Ishiba, que governa em minoria depois de ter perdido o controlo da câmara baixa do Parlamento, a Câmara dos Representantes, nas eleições gerais antecipadas de outubro.

Esse resultado obrigou o LDP, que dominou largamente a política japonesa após a Segunda Guerra Mundial, a fazer concessões à oposição, liderada pelo Partido Democrático Constitucional do Japão (CDP, na sigla em inglês), do ex-primeiro-ministro Yoshihiko Noda.

Um total de 519 candidatos concorre às eleições, de acordo com a emissora pública NHK, para preencher os 125 lugares. Há 152 mulheres, quase 30% do total, a segunda maior percentagem da história, depois das últimas eleições.

Do total, 74 lugares serão determinados por círculo eleitoral e os restantes 50 por representação proporcional.

No Japão, metade dos membros da Câmara dos Conselheiros eleita de três em três anos para um mandato de seis anos.

Em 22 de junho, o LDP conquistou um número recorde de lugares na assembleia da prefeitura de Tóquio, as eleições regionais mais importantes do país, geralmente consideradas como um barómetro a nível nacional.

O mandato de Ishiba pode estar em causa, caso a oposição, embora fragmentada, conquiste o maioria da Câmara dos Conselheiros, nomeadamente através do Partido Democrático para o Povo (centro-direita) e do partido populista de extrema-direita Sanseito.

O descontentamento público com o aumento do custo de vida, que os aumentos salariais não conseguiram resolver, está no centro da campanha, com Ishiba a prometer distribuir 20 mil ienes (cerca de 120 euros) a cada residente.

A oposição tem pressionado o Governo a reduzir ou suspender temporariamente o imposto sobre o consumo (equivalente ao IVA em Portugal).

O preço do arroz, que duplicou nos últimos 12 meses, é uma das principais preocupações dos japoneses.

O Governo de Ishiba tem também estado mergulhado em negociações comerciais com os Estados Unidos da América (EUA), que ameaçam impor tarifas sobre as importações vindas do país asiático.

Ishiba, cujo partido conta tradicionalmente com o apoio de grupos agrícolas e eleitores rurais, prometeu não sacrificar o setor agrícola, apesar da pressão dos EUA para um maior acesso dos seus produtos agrícolas ao mercado nipónico.

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