O governador do Banco do Canadá, Tiff Macklem, emitiu uma advertência ao país: se o Canadá for atingido pelos direitos aduaneiros abrangentes e generalizados do presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, o impacto na economia canadiana poderá ser permanente.
Falando aos membros da Junta Comercial de Mississauga e da Câmara de Comércio de Oakville a 21 de fevereiro, Macklem disse que o choque das tarifas seria muito diferente da recessão económica causada pela pandemia da Covid-19.
Macklem sublinhou que, embora o Canadá pudesse recuperar parte do crescimento, os danos seriam duradouros. O governador explicou que a taxa de crescimento até pode ser recuperada, mas o nível de produção será permanentemente inferior.
Segundo o Banco do Canadá, o primeiro setor a sentir a pressão pode ser o das exportações, com uma queda estimada em 8,5% no primeiro ano após a aplicação de direitos aduaneiros generalizados, devendo os exportadores canadianos reagir com cortes na produção e despedimentos.
Com as exportações para os EUA a representarem cerca de um quarto do rendimento nacional, o choque afetará todo o Canadá, segundo Macklem.
Além disso, as tarifas de retaliação do Canadá significariam um aumento da inflação, anulando o crescimento da economia em 2025 e 2026 e obrigando as empresas canadianas a reduzir as despesas de investimento.
Macklem advertiu que o Canadá pode compensar alguns dos impactos das tarifas através de mudanças estruturais, como a supressão das regras que restringem o comércio interprovincial e a harmonização ou o reconhecimento mútuo das regulamentações provinciais. Facilitar a deslocação dos trabalhadores no Canadá através do reconhecimento mútuo de diferentes acreditações laborais entre províncias é outra opção apresentada pelo governador do Banco do Canadá.