Política: Não há provas de interferência estrangeira nas eleições, conclui relatório

Foto: X Foreign Interference Commission

O inquérito público que investiga a interferência estrangeira nas eleições canadianas não encontrou provas de que “traidores” no Parlamento estejam a conspirar com estados hostis contra os interesses do Canadá.

No seu relatório final, publicado a 28 de janeiro, a comissária Marie-Josée Hogue escreveu que, apesar de ter observado alguns casos em que um estado estrangeiro tentou obter favores junto dos deputados, “o fenómeno continua a ser marginal e largamente ineficaz”.

Acrescentou que não há provas que sugiram que os deputados devam o êxito das suas eleições a entidades estrangeiras e que “não tem conhecimento de qualquer legislação, regulamentação ou política federal que tenha sido promulgada ou revogada devido a interferência estrangeira”.

O relatório do inquérito afirma ainda que, embora as alegações de interferência envolvendo funcionários eleitos tenham sido as mais mediáticas e tenham motivado o debate na Câmara dos Comuns, a desinformação “representa uma ameaça ainda maior para a democracia”. A desinformação, qualificada pelo relatório como “nociva” e “poderosa”, é também utilizada como tática de retaliação.

As conclusões encerram meses de preocupação e debate aceso em Ottawa, na sequência de um relatório explosivo de um dos observadores dos serviços secretos canadianos, divulgado na primavera passada.

O inquérito federal foi desencadeado por reportagens nos últimos dois anos que, citando fontes de segurança não identificadas e documentos confidenciais, acusaram a China de interferir nas eleições federais de 2019 e 2021.

O relatório final da comissão, com sete volumes, há muito aguardado, surge após 16 meses de investigação, incluindo o depoimento de mais de 100 testemunhas e milhares de páginas de provas.