Só uma em cada cinco mulheres no mundo árabe trabalha – Banco Mundial

Rabat, 11 nov 2025 (Lusa) – Apenas uma em cada cinco mulheres do mundo árabe trabalha, alertou hoje o Banco Mundial, salientando que a eliminação as limitações do acesso das mulheres ao mercado laboral pode aumentar até 30% a riqueza por habitante naqueles países.

“As nossas estimativas indicam que, se todas as restrições [de acesso ao mercado laboral] enfrentadas pelas mulheres fossem eliminadas, os ganhos poderiam atingir 30% do PIB [Produto Interno Bruto] ‘per capita’ em toda a região”, avançou a economista-chefe do Banco Mundial para o Médio Oriente, Norte de África, Afeganistão e Paquistão, Roberta Gatti, em conferência de imprensa realizada em Rabat.

“Podemos alcançar um crescimento incrível”, avisou a responsável na apresentação do relatório do Banco Mundial “Emprego e Mulheres: Talento Inexplorado e Crescimento Pendente”.

O documento reúne dados sobre a situação económica e as desigualdades de género na região, referindo que, na última década, se verificou um aumento do número de mulheres qualificadas graças a um maior investimento público na educação.

No entanto, isto não se traduziu num maior acesso das mulheres ao mercado de trabalho, mantendo-se a região com uma das que tem taxas de participação feminina na força de trabalho mais baixas no mundo.

De acordo com o relatório, por cada 100 mulheres em idade ativa da região do Médio Oriente, Norte de África e Pacífico, apenas 20 têm acesso ao mercado de trabalho.

Entre as restrições que as mulheres enfrentam, contam-se a discriminação salarial, o elevado custo dos cuidados infantis e a perceção do trabalho feminino nos países da região.

O assédio constitui outro obstáculo à entrada das mulheres no mercado de trabalho, sublinha o documento do Banco Mundial, citando um inquérito em que, por exemplo, no Egito, 63% das mulheres relataram ser vítimas de assédio sexual no seu emprego.

O Banco Mundial prevê que a população em idade ativa naquela região aumente em 220 milhões nos próximos 25 anos, o que representa a segunda maior taxa de crescimento do mundo, mas lamenta que não tenham sido criadas condições para capitalizar “este promissor dividendo demográfico”.

A economista-chefe do Banco Mundial acredita que a prioridade destes países deve ser “criar emprego” para todos e “dar maior dinamismo” ao setor privado, sublinhando a necessidade de aproveitar o potencial das mulheres qualificadas para o crescimento.

A responsável apontou como exemplo a Arábia Saudita, referindo que este país conseguiu corrigir as perceções sobre o trabalho feminino, criando um ambiente favorável, que resultou num aumento da participação feminina de 20% para 34% na última década, “um dos aumentos mais rápidos a nível global”.

Além disso, o Banco Mundial observou “progressos notáveis” na participação feminina no mercado laboral da Argélia, Tunísia e Paquistão, mas alertou para “retrocessos ou estagnação” em países como o Egito, Marrocos, Irão e Jordânia.

Por outro lado, o relatório apresentou uma perspetiva económica mais otimista para a região em análise, com um crescimento projetado de 2,8% em 2025 e de 3,3% em 2026.

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