
Maputo, 12 nov 2025 (Lusa) – O Presidente moçambicano, Daniel Chapo, defendeu hoje uma “aliança nacional para o crescimento” económico entre os setores público e privado, recordando que Moçambique ainda se está a reerguer de meses de manifestações pós-eleitorais.
“Juntos somos mais fortes quando caminhamos lado a lado, Governo, setor privado e sociedade, na construção da independência económica da pátria”, disse o chefe de Estado, na abertura da XX Conferência Anual do Setor Privado (CASP), o maior evento de diálogo público-privado e de negócios do país, em Maputo.
“Foram seis meses de manifestações violentas que destruíram bens públicos e privados. Outubro, novembro, dezembro, janeiro, fevereiro e março. Mas o povo moçambicano, unido do Rovuma [norte] ao Maputo [sul], está-se a reerguer das cinzas, mostrando a todo o planeta Terra que juntos somos mais fortes e podemos reconstruir esta nação”, acrescentou, no arranque da CAST.
O evento reúne até sexta-feira, em Maputo, mais de 2.000 participantes discutindo projetos de investimento avaliados em 1.500 milhões de dólares (1.288 milhões de euros), numa organização conjunta do Governo moçambicano e da Confederação das Associações Económicas (CTA) de Moçambique.
Os protestos pós-eleitorais em Moçambique provocaram mais de 400 mortos, destruição e saque de instituições públicas e privadas, tendo cessado após um encontro de pacificação, em março, entre Chapo e o candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados da votação de 09 de outubro de 2024, provocando ainda três trimestres consecutivos de contração económica.
Na mesma intervenção, perante centenas de empresários, Chapo defendeu que as “reformas estruturais deixaram de ser opção para se tornarem uma exigência nacional” e que as propostas levadas pela CTA à CAST, em torno de reformas fiscais, administrativas ou de modernização, “revelam um setor privado maduro, com visão e compromisso com o futuro do país”.
“O Governo apoia estas ideias com espírito de diálogo, mas também com sentido de urgência e orientação para os resultados. Quero, por isso, sublinhar que esta XX CASP deve marcar o início de uma nova etapa, uma etapa em que o diálogo se traduz em ação, com o observatório do ambiente de negócio e as ideias em investimentos concretos. Vamos deixar de ter uma CASP que é um muro de lamentações para termos uma CASP que é ação, e trabalharmos juntos”, apelou Chapo.
“Em breve” será lançado o Observatório do Ambiente de Negócios, anunciou, que “reforçará o acompanhamento técnico e a monitoria das reformas”: “Anualmente vamos realmente ter a CASP, mas as decisões e recomendações que são tomadas vão ter um observatório do ambiente de negócio, que vai ter que se encontrar mensalmente entre o setor público e privado para monitorar as decisões que foram tomadas, por forma a que a próxima edição de CASP comece com a avaliação da matriz de recomendações e o seu grau de cumprimento. Só assim é que vamos andar”.
Para Chapo, o “princípio” que se quer aplicar no envolvimento com o setor privado “é simples” e implica que “Governo regula e facilita”, mas “não pode complicar”. Já “o setor privado investe, produz e emprega. E a responsabilidade do setor público criar condições, facilitar e acarinhar o setor privado. Porque é o setor privado que investe”, argumentou.
Para esta edição da CASP estão agendadas sessões bilaterais entre Moçambique e a União Europeia, Emirados Árabes Unidos, a Zona de Comércio Livre Continental Africana (AfCFTA, na sigla inglesa) e Brasil, bem o “Market Place”, espaço para “facilitação de encontros para identificação de soluções e oportunidades de negócios no mercado nacional e estrangeiro para os intervenientes da cadeia de valor de produção, importação, distribuição e fornecimento de matéria-prima para a indústria”.
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