
Lisboa, 12 nov 2025 (Lusa) – O presidente executivo (CEO) da CGD, Paulo Macedo, afirmou que hoje “nos próximos 15 anos, Portugal tem potencial para mais do que duplicar o crescimento do PIB, dos atuais 1 a 3% para 4 a 5% ao ano”.
Para alcançar esse objetivo, que disse ter sido quantificado num estudo da consultora McKinsey, torna-se necessário resolver um conjunto de entraves à atração de capital que perduram há anos na economia portuguesa.
São eles “menos burocracia”, mais “flexibilidade” no mercado de trabalho e um “ambiente fiscal mais favorável” ao investimento.
O CEO da CGD falava sobre as perspetivas para a economia portuguesa, durante a segunda edição do Portugal Capital Markets Day 2025, que hoje e quinta-feira se realiza em Lisboa e é organizado pela Euronext Lisbon e pela AEM – Associação de Empresas Emitentes de Valores Cotados em Mercado.
Paulo Macedo referiu as oportunidades de investimento que se abrem para o ecossistema de startups e para as novas áreas da tecnologia, como o fabrico de baterias, veículos elétricos ou o investimento em sistemas de cloud, cibersegurança e software.
“Podemos transformar Portugal num hub de talento global, promovendo e escalando o ecossistema de startups e atraindo capital internacional para setores chave”, disse.
O gestor defendeu ainda o desenvolvimento do mercado de capitais como condição para atrair capital e constituir-se como alternativa ao financiamento bancário, que continua a ser o principal instrumento de capitalização das empresas portuguesas.
“Temos a oportunidade, temos o momento, temos a vontade de atrair capital”, disse.
Perante uma plateia de investidores internacionais, Filipe Santos, diretor da Católica Lisbon School of Business & Economics apresentou o relatório “Inovação e Infraestruturas: conectando Portugal com o Futuro”, onde defendeu as vantagens comparativas de Portugal face a outros destinos concorrentes na atração de capital.
O ecossistema de inovação e as infraestruturas de que Portugal dispõe, ao nível da rede de transportes, custo da energia e redes de telecomunicações, são fatores críticos de captação de investimento, mas o relatório indica que é principalmente no capital humano e na atração de talento que assentam as potencialidades do crescimento económico nacional.
Essas vantagens comparativas foram também sublinhadas por responsáveis dos CTT, REN e EDP, três empresas cotadas na Euronext Lisbon.
No painel sobre o duplo mandato do supervisor, de desenvolver o mercado e de proteger o investidor, o presidente da CMVM, Luís Laginha de Sousa, afirmou que a estratégia de longo prazo da CMVM assenta na visão de que o mercado de capitais “é crucial para o crescimento sustentado da economia”.
Num país como Portugal, onde há escassez de capital e onde o financiamento das empresas é assegurado essencialmente pela banca, o responsável da CMVM acredita que “é possível usar melhor o mercado de capitais”.
Lembrou que em outros países os fundos de pensões são grandes investidores no mercado de capitais, mas o mesmo não acontece em Portugal. “Mas é importante por esse dinheiro a dar receita, e de por a economia a crescer para dar retorno a capital. Gostava de ver isso materializado”, reconheceu.
Laginha de Sousa considerou ainda que “uma boa supervisão financeira dá uma base sólida para o desenvolvimento do mercado e garante proteção aos investidores. Sem ela, é mais difícil atrair investidores”.
No encerramento, o presidente da AEM, Miguel Athayde Marques, referiu a capacidade de Portugal, com o seu ecossistema de startups, de empresas unicórnio e de centros de competências de multinacionais, em atrair e reter estudantes e trabalhadores estrangeiros qualificados.
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