Parlamento venezuelano aprova lei para defender país de destacamento militar dos EUA

Caracas, 11 nov 2025 (Lusa) — A Assembleia Nacional da Venezuela, controlada pelo chavismo, aprovou hoje uma lei para defender o país do destacamento militar dos Estados Unidos no mar das Caraíbas.

Esse destacamento aéreo e naval, ordenado pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, sob o argumento de combate ao tráfico de droga, e que é o maior dos Estados Unidos desde a guerra do Golfo de 1990-1991, é encarado pelo Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, como uma tentativa de retirá-lo do poder.

“Estamos a aprovar uma lei fundamental que estabelece uma nova forma de lidar com o destacamento, o cumprimento de ordens, a movimentação de tropas e, sobretudo, a colaboração entre povo e Forças Armadas”, declarou o presidente da Assembleia Nacional (AN, parlamento venezuelano), Jorge Rodríguez, durante a sessão ordinária, transmitida pela estação estatal Venezolana de Televisión (VTV).

O ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, afirmou hoje que o país latino-americano mobilizou 200 mil soldados para enfrentar a “ameaça” representada pelos Estados Unidos na região, enquanto Washington acaba de enviar um novo porta-aviões, num contexto de aumento das tensões.

“O trabalho de construção da coesão, preparação do povo e aumento da prontidão operacional das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB) continua, em defesa da nossa soberania e integridade territorial – um trabalho que se mantém ativo todos os dias”, afirmou Padrino, em declarações divulgadas pelo portal digital Últimas Notícias.

Padrino indicou que Nicolás Maduro ordenou um aumento da prontidão das forças de segurança e dos órgãos de segurança: “Estamos a otimizar as nossas capacidades diariamente. Realizamos manobras no terreno, (…) exercícios do Estado-Maior, exercícios de defesa costeira, exercícios de descentralização de recursos e de gestão de catástrofes”.

O ministro indicou também que este destacamento começou hoje, mas vai prosseguir até quarta-feira, envolvendo “200.000 efetivos para este exercício”, que abrange o comando, controlo e comunicações, tudo dentro do contexto da “ameaça militar posicionada nas Caraíbas, que ameaça não só a Venezuela, mas toda a região da América Latina”.

A 01 de setembro, os Estados Unidos iniciaram os seus ataques a alegadas embarcações de tráfico de droga que transitavam pelo mar das Caraíbas e pelo oceano Pacífico, tendo desde então afundado cerca de 20 e matado 75 pessoas.

A ONU, juntamente com os Governos da Venezuela e da Colômbia, condenaram estas práticas, classificando-as como execuções extrajudiciais, e indicaram que as vítimas são sobretudo pescadores.

Em Caracas, há receio de uma possível intervenção militar dos Estados Unidos, uma hipótese também aventada por Bogotá, maior produtor de cocaína do mundo.

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