EUA negam ter planos para construir uma base militar em Gaza

Washington, 12 nov 2025 (Lusa) — A porta-voz da Casa Branca desmentiu hoje a existência de planos para construir uma base militar temporária norte-americana perto da Faixa de Gaza, que segundo a agência Bloomberg albergaria dez mil soldados para monitorizar o cessar-fogo.

“Consultei os mais altos níveis do governo federal dos Estados Unidos (EUA). Não é algo em que os EUA estejam interessados em participar. Não é algo em que estejamos atualmente envolvidos ou que venhamos a financiar”, disse Karoline Leavitt, ao referir-se a uma notícia avançada na terça-feira pela Bloomberg segundo a qual a Marinha dos Estados Unidos estava a solicitar orçamentos a várias empresas de construção.

Nas mesmas declarações, a porta-voz da Casa Branca sublinhou que o Presidente norte-americano, Donald Trump, “tem sido muito claro ao afirmar que não quer tropas no terreno no que está a acontecer no Médio Oriente”.

Leavitt criticou ainda o facto de o artigo se basear “numa consulta que alguém fez ao Departamento da Marinha sobre uma ideia” e de o meio de comunicação social a ter publicado como se fosse “política oficial”.

A notícia em questão cita um pedido de informação da Marinha dos EUA para uma “base de operações militares temporária e autossustentada capaz de suportar 10.000 pessoas e fornecer 10.000 pés quadrados de espaço (cerca de 929 metros quadrados) de escritório por um período de 12 meses”. 

O mesmo pedido de informação identifica o local como “perto de Gaza, Israel” e foi enviado em 31 de outubro, de acordo com a Bloomberg.

Também uma plataforma de jornalismo de investigação, independente e sem fins lucrativos israelita, intitulada Shomrim (“observadores” ou “guardiões” em hebraico), noticiou na terça-feira que os Estados Unidos estão a planear a construção de uma base militar e citam responsáveis israelitas que afirmaram que a base seria utilizada por forças norte-americanas e internacionais.

A base iria custar cerca de 500 milhões de dólares (cerca de 431 milhões de euros), de acordo com a mesma fonte.

O acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza, que foi impulsionado pelos Estados Unidos com a mediação do Egito, Qatar e Turquia, está em vigor desde 10 de outubro.

A primeira fase do acordo entre Israel e Hamas inclui a troca de reféns e prisioneiros, a retirada parcial das forças israelitas do enclave e o acesso de ajuda humanitária ao território.

A etapa seguinte, ainda por acordar, prevê a continuação da retirada israelita, o desarmamento do Hamas, bem como a reconstrução e a futura governação do enclave.

A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e 251 foram feitas reféns.

Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 69 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo grupo islamita, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.

 

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