Comandante das forças israelitas quer pôr fim a violência de colonos

Jerusalém, Israel, 12 nov 2025 (Lusa) – O comandante do exército israelita, Eyal Zamir, manifestou hoje a intenção de pôr fim aos ataques de colonos na Cisjordânia ocupada, onde a ONU registou, em outubro, um pico de violência em quase duas décadas.

“Estamos determinados a pôr fim a este fenómeno e agiremos com firmeza até que a justiça seja feita”, disse Eyal Zamir, citado num comunicado militar, durante uma visita às tropas que realizam exercícios no território palestiniano ocupado por Israel desde 1967.

Segundo o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), foram registados pelo menos 264 ataques de colonos que resultaram em vítimas, danos materiais ou ambos na Cisjordânia em outubro, representando “o máximo mensal em quase duas décadas de recolha de dados”.

Na terça-feira, a polícia e o exército de Israel anunciaram a detenção de vários colonos por envolvimento em ataques violentos contra palestinianos em Beit Lid, no norte da Cisjordânia, uma medida invulgar após denúncias reiteradas das autoridades locais e organizações de defesa dos direitos humanos sobre a impunidade de que beneficiam os habitantes judeus nos territórios ocupados.

O presidente da autarquia onde se situa a localidade palestiniana relatou que cerca de 200 colonos invadiram a aldeia, onde saquearam uma fábrica de laticínios e feriram dez pessoas.

Em reação, o Presidente israelita, Isaac Herzog, condenou hoje os ataques, classificando-os como “chocantes e inaceitáveis”.

No comunicado militar, o comandante do Exército reforçou que “não tolerará o comportamento criminoso de uma pequena minoria que mancha a imagem de uma população cumpridora da lei”, apesar de numerosos relatos sobre a passividade dos soldados israelitas em relação ao comportamento dos colonos radicais.

Nas últimas semanas, os ataques atribuídos a colonos cada vez mais jovens e violentos, geralmente residentes em postos avançados (assentamentos ilegais ao abrigo das leis de Israel e destinados a criar factos consumados no terreno), têm-se multiplicado na Cisjordânia, tendo como alvo habitantes palestinianos, mas também jornalistas, ativistas do seu próprio país e estrangeiros e, por vezes, até militares israelitas.

Mais de 500 mil israelitas vivem na Cisjordânia em colonatos regularmente condenados pela ONU como ilegais ao abrigo do direito internacional, entre cerca de três milhões de palestinianos.

A violência explodiu no território desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em 07 de outubro de 2023, entre Israel e o grupo islamita Hamas.

Apesar do cessar-fogo no enclave palestiniano, em vigor desde o passado dia 10 de outubro, os ataques atribuídos a colonos na Cisjordânia não pararam e inclusive registaram um aumento relacionado com a campanha de colheita de azeitona e destruição de olivais.

Desde o início da guerra na Faixa de Gaza, mais de mil palestinianos morreram na Cisjordânia, de acordo com números das Nações Unidas, em episódios de violência envolvendo militares e colonos radicais israelitas.

No mesmo período, segundo números oficiais de Israel, pelo menos 36 israelitas, incluindo civis e soldados, foram mortos em ataques palestinianos ou durante incursões militares.

Israel abriu este ano um concurso para a construção de 5.667 casas em colonatos, classificados ilegais à luz do direito internacional, um aumento de 48% em relação ao recorde anterior de 2018, o que acrescentaria cerca de 25.000 novos colonos à Cisjordânia ocupada.

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