NEM TUDO O QUE LUZ É OURO

Correio da Manhã Canadá

O ouro foi durante séculos a referência económica dos povos. A cunhagem das moedas e todo o dinheiro era suportado pelo metal precioso. Ao longo da História foram guardados tesouros para fazerem face a necessidades urgentes, como o recurso à guerra, e para demonstração de força.

No território que é hoje Portugal sempre houve registos de jazidas auríferas e explorações em larga escala. Sabe-se, com rigor, que o Império Romano era praticamente abastecido de ouro proveniente da Península Ibérica.

Na era moderna e dependendo das oscilações do mercado de matérias-primas, o ouro tem vindo sempre a ganhar importância, funcionando em muitos casos como o último recurso à manutenção da riqueza. No entanto, quando em 1992, foi anunciado o encerramento das minas de Jales, no concelho de Vila Pouca de Aguiar, muitos pensaram que as reservas tinham acabado ou que a exploração deixara de ser rentável.

Nada disso, uma vez que empresas canadianas entraram em força e com a máxima convicção de que iriam encontrar o Eldorado em Portugal. A empresa canadiana Colt Resources, cotada nas bolsas de Toronto e Frankfurt, assinou contratos em 2011, com o governo português para a exploração experimental na região do Alentejo.

Não tardou que os responsáveis canadianos garantissem que o filão encontrado poderia conter cerca de 8 milhões de onças, o equivalente a quase 250 toneladas de ouro. Um verdadeiro filão que iria enriquecer os exploradores e o Estado português. Mas o que parecia uma grande exploração deu lugar ao garimpo e o que se sabe, hoje, é que os canadianos da Colt Resources desapareceram, abriram falência e viram suspensas as suas cotações nas bolsas.

Portugal vai extinguir a relação contratual e reaver as licenças concedidas, porque a corrida ao ouro não para e logo outros exploradores interessados apareceram. Não se sabe se acreditam no grande filão, previamente, anunciado, mas o certo é que são novamente canadianos,desta vez a W Resources, com sede em Londres, que tenta extrair ouro no Alentejo, a Medgold Resources está empenhada na prospecção em Trás-os-Montes e a Almada Mining obteve também duas explorações no norte de Portugal, mais próximo da cidade do Porto.

Pelos vistos os canadianos têm uma apetência natural para cheirar o ouro. Talvez inspirados pelos romanos e conhecedores dos trabalhos que há milénios desenvolviam na Península Ibérica, procuram por todos os meios os milhões de onças que supõem existir. Vejamos se os novos candidatos não se tornam como os primeiros que abandonaram Portugal, com dívidas e problemas sociais por resolver.

JP