TRABALHADORES DO CONTINENTE MODELO DE GAIA DENUNCIAM “PRESSÕES” QUE SONAE “DESCONHECE”

LusaVila Nova de Gaia, Porto, 21 nov 2019 (Lusa) — Os trabalhadores do supermercado Continente Modelo da Rechousa, Vila Nova de Gaia, concentraram-se hoje exigindo negociar o contrato coletivo de trabalho “sem contrapartidas” e denunciando “repressão, pressões e assédio” por terem feito greve no 1.º de Maio.

“Esta loja em concreto só não encerrou no 1.º de Maio, porque a Sonae substituiu ilegalmente os trabalhadores em greve com trabalhadores de outros locais de trabalho”, sustenta o Sindicato dos Trabalhadores do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), denunciando que “os trabalhadores têm sido desde então vítimas de repressão, pressão e assédio e alvo de sanções disciplinares por aderirem à greve”.

Presente na concentração, o secretário-geral CGTP-IN, Arménio Carlos, disse à agência Lusa tratar-se de um “atentado ao direito à greve, à liberdade sindical e aos direitos, liberdades e garantias”, numa “situação inadmissível” que considera justificar a intervenção da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT).

Uma intervenção que, disse, “já foi pedida, mas até agora tem sido completamente ineficaz e inoperacional”.

Contactada pela agência Lusa, fonte oficial do grupo Sonae disse “desconhecer de todo os motivos que levaram a esta situação”, assegurando que “não se revê nas práticas relatadas”.

A Sonae referiu ainda que, “dos 12 elementos que estiveram na manifestação, apenas dois eram trabalhadores” do grupo.

Segundo Arménio Carlos, nesta unidade do Continente Modelo “a Sonae não só pôs em causa o direito à greve no 1.º de Maio, como está neste momento a pressionar trabalhadores, ameaçando-os e até levantando processos disciplinares, com a justificação de que recusaram orientações que tinham sido transmitidas pelas chefias”.

“Quando há uma greve cessam-se funções entre as partes, portanto nem os trabalhadores têm de responder às orientações das empresas, nem as empresas têm de pagar a parte correspondente às horas de trabalho dos trabalhadores que estão em greve”, sustentou.

“É a Sonae que tem que ser pressionada, não os trabalhadores, e já agora condenada” pelas entidades fiscalizadoras, acrescentou.

Os trabalhadores que hoje se concentraram frente à loja do Continente Modelo da Rechousa reclamam, por isso, o arquivamento imediato dos processos disciplinares que foram levantados.

Debaixo das críticas dos manifestantes esteve também o posicionamento da associação patronal do setor da distribuição (Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição – APED), que acusam de “por em causa o direito de negociação da contratação coletiva”.

Isto porque, sustenta o CESP, “a Sonae e as empresas da grande distribuição querem que os trabalhadores aceitem trabalhar de graça mais 180 horas por ano dando em contrapartida um aumento de 31 cêntimos por dia”.

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