TERRORISMO E JORNALISMO

Correio da Manhã Canadá

O terrorismo sempre existiu porque a Comunicação Social sempre deu a devida cobertura noticiosa. Os atentados terroristas começaram por ter propósitos políticos e embora causando vítimas inocentes tinham como objetivo principal atingir os visados. Hoje, os atos terroristas são diferentes, com o único objetivo de causar pânico público, desestabilizar as sociedades e conseguir o maior número de mortes. Os propósitos já não são somente políticos, mas também religiosos, em particular identificados com o radicalismo islâmico.

Antes, qualquer grupo terrorista, depois de cometer os atos de destruição, comunicava com as redações dos jornais a reivindicar os massacres cometidos, e os jornalistas no cumprimento do exercício livre da sua profissão, davam a melhor cobertura, e para o bem ou para o mal projetavam os nomes dessas organizações alimentando os seus propósitos.

A opinião pública ficava a saber tudo porque a imprensa se encarregava de ampliar os objetivos dos terroristas. Foi assim que tudo começou com o atentado no Estado de Michigan, em 1927, quando um funcionário de um colégio fez explodir uma bomba que vitimou 45 pessoas, na sua maioria crianças. Todos os anos passaram a registar-se atentados do género. Até que mais tarde, em 1972, o grupo palestiniano “Setembro Negro” ficou conhecido pelo atentado perpetuado contra atletas israelitas e que ficou conhecido pelo massacre de Munique.

Nessa altura, o histórico líder da OLP, Yasser Arafat, chegou a dizer que se os jornalistas fossem bem conduzidos, a opinião pública poderia reconhecer as razões dos atentados e não se incomodar muito com as consequências. Esta relação entre grupos terroristas, cuja missão era destruir ao máximo e conseguir o maior número de vítimas, e os jornalistas, cuja missão era informar o mais rápido e o melhor possível, veio dar notoriedade a quem não a merecia. Estava-se perante o verdadeiro branqueamento do terrorismo, fazendo-se crer que um terrorista poderia ser um herói.

Mais recentemente, os atentados do 11 de setembro de 2001, em Nova Iorque, vieram alterar esse tipo de relação. O desenvolvimento tecnológico veio dar outra força e projeção aos terroristas, que passaram a contar também com a participação inesperada do cidadão comum.

Esta alteração tem a ver com o uso da internet ao serviço do terrorismo. Se antes os jornalistas davam a notícia, ainda que trabalhada, agora, qualquer cidadão capta imagens difunde-as sem tratamento à escala global através das redes sociais e acha-se um herói porque conseguiu captar a espetacularidade da desgraça e do massacre.

A única resposta possível dos Governos é de que a reação será adequada e eficaz, na tentativa de identificar e julgar de forma exemplar os culpados. Pelo meio, os grupos terroristas servem-se das novas tecnologias para recrutarem simpatizantes e para eles próprios difundirem imagens de chacinas e outras desgraças, como decapitações a inocentes, para lançarem o pânico e o medo à escala global. Todos criticam mas, no entanto, muitos desses críticos contribuem para projetar os melhores momentos da desgraça, substituindo os jornalistas.

Jorge Passarinho