“SOPRO” REGRESSA AO TEATRO NACIONAL D. MARIA II PARA DEZ REPRESENTAÇÕES

LusaLisboa, 10 jan (Lusa) — A peça “Sopro”, protagonizada por Cristina Vidal, ponto do Teatro Nacional D. Maria II há mais de 25 anos, regressa sexta-feira à sala Garrett, neste teatro de Lisboa, para mais dez representações.

Estreada em julho de 2017, no festival de teatro de Avignon, “Sopro”, de Tiago Rodrigues, esteve depois em digressão internacional.

“Sopro” é uma peça de teatro sobre teatro, a partir da história e das memórias de Cristina Vidal, como aquela sobre a primeira vez que viu uma peça de teatro, quando tinha cinco anos e foi dentro da caixa do ponto, debaixo do palco. Aos 21 tornar-se-ia ela mesma uma ponto.

Vencedor do Globo de Ouro de Melhor Peça/Espetáculo em 2018, “Sopro” é um espetáculo com texto e encenação de Tiago Rodrigues que, nestas dez apresentações será interpretado por Beatriz Brás, Carla Bolito, Cristina Vidal, Isabel Abreu, Marco Mendonça e Romeu Costa.

A peça estará em cena com legendas em inglês de sexta-feira a 17 de janeiro, e nos dias 18 e 19 terá legendas em francês.

No domingo, haverá uma sessão com interpretação em língua gestual portuguesa e audiodescrição.

Tiago Rodrigues decidiu fazer “Sopro” quando, após chegado à direção artística do D. Maria II, em 2015, se viu confrontado com a existência de dois pontos profissionais, os últimos em Portugal, confidenciou o próprio à Lusa em março de 2017.

Por ter trabalhado numa companhia independente, não sabia que utilidade dar-lhes, mas a presença de Cristina Vidal nos ensaios “tem algo da solenidade rigorosa de um samurai da palavra e também da sabedoria de quem já trabalhou com atores de todos os estilos, idades e temperamentos”, pelo que rapidamente se tornou “indispensável” para Tiago Rodrigues, observou, na altura, o autor.

“Com ela, aprendi que o ponto não é apenas esse burocrata dos bastidores que obriga à fidelidade do texto, que socorre as falhas de memória ou corrige as adulterações ao original. O ponto é um cúmplice dos atores, nos seus momentos de perfeição e, sobretudo, nos de imperfeição. Conhece-os, adapta-se a eles, aprende a respirar ao mesmo ritmo que eles. O ponto é também um advogado do autor e um conselheiro do encenador”, frisou.

O lugar de partida de “Sopro” é assim a imagem de uma mulher nas ruínas de um teatro, onde trabalhou como ponto durante toda a vida.

“Que teatro habita a sua imaginação e a sua memória? Que mundo nos pode dar a ver, usando apenas o seu sopro invisível?” “O que aconteceria se um teatro se desmoronasse e, nos seus escombros, só encontrássemos um sobrevivente: o ponto?”, eis algumas das questões levantadas na peça.

“No meio dos escombros, ela ‘sopra’ histórias. Algumas aconteceram em palco e outras nos bastidores, algumas parecem reais e outras ficcionais. Não sabemos quais são o quê. Ela própria, que as ‘sopra’, acaba por misturar cenas de peças com cenas da vida real. A sua memória não as distingue”, lia-se numa nota do Nacional, de apresentação da obra.

“Sopro” é também uma história de “histórias de amor, de intriga, de trabalho, de política, de vingança, de solidão, de amizade, e todas passadas num teatro” e tem cenografia e desenho de luz de Thomas Walgrave e figurinos de Aldina Jesus.

A peça vai estar em cena no Teatro Nacional São João, no Porto, entre os dias 12 e 22 de junho.

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