QUE O NATAL NOS APROXIME DO ESSENCIAL

Correio da Manhã Canadá

Chegou aquela altura do ano, em que a música de Natal invade as lojas e os e-mails de “Boas Festas” enchem as nossas caixas de entrada. Chegou aquela altura do ano, em que as marcas põem o “pé no acelerador” do consumo e as pessoas parecem não descansar enquanto não tiverem as compras todas feitas. Pode ser uma época exaustiva, para muitos, e de desencanto em relação ao que é verdadeiramente importante. Por outro lado, é também uma oportunidade de refletir e de filtrar o mundo com mais otimismo!

O Natal tem sido associado à troca de presentes – e ao consumismo, por consequência – sobretudo entre as crianças, que aguardam, ansiosamente, pela chegada do Pai Natal e pela oferta do último gadget tecnológico. Mas se às crianças ainda falta, por definição, um entendimento mais responsável desta época, cabe aos adultos resgatar o significado original do Natal, sem que isso signifique erradicar por completo o lado mais materialista da festividade.

As referências ao Pai Natal e as referências a Jesus Cristo já não são, de todo, incompatíveis. Pelo contrário, nas casas de hoje encontramos uma mistura de símbolos cristãos e não só, como os presépios, as renas, a árvore de Natal, entre muitos outros. Na edição de hoje, por exemplo, vemos como essa dinâmica também marca as festividades da comunidade portuguesa no Canadá. Mas essa combinação de fatores não tem, necessariamente, de ser vista de forma negativa, como se de uma distorção da mensagem se tratasse, mas antes como um reflexo da diversidade do nosso mundo, da dinâmica dos tempos e da capacidade de conciliar diferentes universos.

Que continuemos, então, a celebrar o Natal sem negar às crianças e aos adultos a alegria de receber um presente, mas que o façamos sem nunca esquecer que na origem desse gesto está a partilha e a manifestação de um bom sentimento, mais do que a necessidade de consumo de um bem material. E porque não reforçar essa ideia junto dos mais novos? Aquilo que não é entendido hoje, poderá fazer sentido amanhã. Que continuemos, então, a fazer uso da figura do Pai Natal, mas sem nunca esquecer que é o exemplo de Jesus que serve como mensagem universal de amor, compaixão, tolerância e, sobretudo, de família, no sentido mais amplo da palavra. Uma postura que não exige, sequer, a prática religiosa ou a crença espiritual, mas antes a vontade de fazer melhor por nós e pelos outros.
Que o Natal nos aproxime do essencial!