PRESIDENTE DOS EUA ADMITE QUE JORNALISTA TURCO ESTÁ MORTO

LusaWashington, 19 out (Lusa) — O Presidente dos Estados Unidos da América admitiu na quinta-feira que “certamente parece” que o jornalista saudita desaparecido, Jamal Khashoggi, está morto e ameaçou com consequências “muito severas” se se apurar que o regime de Riade o matou.

Trump, que tem insistido que devem ser conhecidos mais factos antes de tomar uma posição, não revelou em que é que se baseou para fazer a última declaração sobre o destino do jornalista, no caso, a sua eventual morte.

Quando questionado sobre se Khashoggi estava morto, Trump respondeu: “Certamente que assim parece… Muito triste”.

Perguntado sobre as consequências para os líderes sauditas se se apurasse que eram responsáveis pela morte, respondeu: “Teriam de ser severas. É um caso mau, mau. Mas, vamos ver o que vai acontecer”.

Antes de Donald Trump falar, o seu Governo anunciou que o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, anulou a sua deslocação a um importante fórum económico na Arábia Saudita e um dirigente afirmou que o secretário de Estado, Mike Pompeo, tinha avisado o príncipe herdeiro que a sua credibilidade, enquanto futuro líder, estava em causa.

Mike Pompeo disse que os sauditas deveriam ter mais alguns dias para acabarem e divulgarem uma investigação credível, antes de os Estados Unidos da América decidirem “como e se” respondem.

Os comentários de Trump, contudo, assinalam uma certa urgência com o fim da investigação ao desaparecimento do jornalista, que foi visto pela última vez a entrar no consulado saudita em Istambul, em 02 de outubro.

A mensagem implícita é a de que o Governo de Trump está preocupado com o efeito que o caso pode ter nas relações com um parceiro estratégico, próximo e valioso.

Congressistas, cada vez mais irritados, estão a condenar os sauditas e a questionar a seriedade com quem Trump e os principais assessores estão a gerir o assunto, com este a enfatizar os mil milhões de dólares em armas negociados com os sauditas.

Relatórios turcos indicam que Khashoggi, que tem escrito colunas com críticas ao Governo saudita no The Washington Post ao longo do último ano, foi assassinado e desmembrado dentro do consulado saudita em Istambul por membros de um ‘esquadrão da morte’ com ligações ao príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman.

Os sauditas têm desmentido estes relatórios, mas ainda não explicaram o que aconteceu ao jornalista.

O jornalista saudita Jamal Khashoggi, que estava exilado nos Estados Unidos desde 2017 e era um reconhecido crítico do poder em Riade, desapareceu no passado dia 02 de outubro depois de ter entrado no consulado saudita em Istambul, Turquia, para tratar de questões administrativas.

O jornalista não foi visto desde então.

Na quarta-feira, um jornal turco pró-governamental revelou ter gravações de áudio realizadas no interior do consulado, avançando que Jamal Khashoggi, tinha sido torturado e desmembrado por agentes sauditas.

A Arábia Saudita nega qualquer envolvimento no desaparecimento do jornalista, adiantando que ele deixou a missão diplomática pelo próprio pé. No entanto, Riade não apresentou qualquer prova que sustente tal teoria.

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