PRESIDENTE DA IPSS ‘O SONHO’ NEGA IRREGULARIDADES E MANIFESTA VONTADE EM DEMITIR-SE

LusaSetúbal, Lisboa, 23 fev (Lusa) — O presidente da Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) ‘O Sonho’, em Setúbal, negou hoje que tenha cometido qualquer irregularidade na gestão da associação, manifestando vontade em se demitir do cargo que ocupa há mais de três décadas.

A Polícia Judiciária está a realizar buscas, presididas pelo Ministério Público, desde a manhã de hoje às várias unidades da instituição e também domiciliárias, por suspeitas dos crimes de fraude na obtenção de subsídio, participação económica em negócio e peculato (desvio ou roubo de dinheiros públicos por quem os tinha a seu cargo).

Em declarações à agência Lusa, Florival Cardoso, presidente da IPSS ‘O Sonho’, fundada em 1980 e que apoia centenas de utentes em diversas valências, como na reinserção social de famílias ou na disponibilização de diversas creches e infantários, afirmou “estar de consciência tranquila”, mas “desiludido com a perseguição” que diz estar a ser feita às IPSS.

O presidente espera vir a ser constituído arguido no decurso do inquérito e assim possa conhecer o processo e “defender-se” das “acusações infundadas”.

Florival Cardoso declarou estar a colaborar com as autoridades no apuramento da verdade, acrescentando que vai reunir, assim que possível, com os restantes elementos da direção da IPSS, mas que a sua vontade, neste momento, é a de pedir a demissão do cargo.

“Sinto-me desiludido com tudo isto. Dei muito mais do que aquilo que recebi ao longo dos anos a esta instituição para agora haver isto”, lamentou o presidente da IPSS ‘O Sonho’.

Florival Cardoso disse desconhecer a queixa que deu origem ao inquérito, mas que espera que a mesma não seja anónima para que possa pedir responsabilidades ao autor ou autores, na defesa da sua honra e bom nome.

Uma nota publicada na tarde de hoje na página da Internet da Procuradoria da Comarca de Setúbal indica as buscas, presididas pelo Ministério Público e levadas a cabo pela PJ de Setúbal com a coadjuvação da Segurança Social, “abrangem também os equipamentos sociais da IPSS e domicílios”.

A nota acrescenta que as buscas à IPSS, a cargo do Departamento de Investigação e Ação Penal da Sede da Comarca de Setúbal, surgem na sequência da apresentação de uma “denúncia pela prática dos crimes de fraude na obtenção de subsídio, participação económica em negócio e peculato”.

A Segurança Social emitiu, entretanto, um comunicado em que confirma a colaboração na investigação à IPSS.

“O Instituto da Segurança Social, I.P. integra a equipa conjunta com a Polícia Judiciária que hoje realizou buscas à instituição particular de solidariedade social ‘O Sonho'”, afirma o Instituto da Segurança Social (ISS).

Como o caso está em “Segrego de Justiça”, o ISS afirma que não pode pronunciar-se sobre o processo.

JGS (HN) // ARA

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