A PÉROLA CHAMADA MACAU

Correio da Manhã Canadá

Macau continua a ser a melhor montra portuguesa no continente asiático. No passado fim de semana terminou a vigésima segunda edição da MIF, Feira Internacional de Macau e que como é habitual reúne empresários e projetos de todo o mundo. Portugal fez-se representar mais uma vez, sob a organização da AJEPC–Associação dos Jovens Empresários Portugal China e juntou num só espaço todos os representantes da lusofonia.

Quer isto dizer que em todo o certame, sobressaía o espaço de 2 mil metros quadrados reservados aos mais de 150 expositores dos países que falam português. É uma iniciativa louvável e que segundo as palavras do presidente da AJEPC, Alberto Neto, visa valorizar todos, porque, assim, representamos um mercado de quase 300 milhões de consumidores e deixamos cair esta velha ideia do orgulhosamente sós.

Portugueses, brasileiros, angolanos, moçambicanos, cabo-verdianos e são-tomenses estiveram juntos e em conjunto defenderam ideias, projetos e mostraram ao grande mercado chinês, através da plataforma de Macau, que o mundo da língua portuguesa é mais vasto do que à partida se pensa. O próprio território de Macau muito contribui para esta valorização, uma vez que continua a defender princípios e práticas que em muito se distinguem da China, fazendo questão de marcar bem as diferenças.

Portugal continua a ser uma fonte inspiradora por aquelas paragens do Oriente. Apesar do acelerado ritmo de vida, da quantidade de gente vinda de todo o lado e da tentativa de evidenciar a globalização como a receita de todos os males, o certo é que a alma portuguesa está e continua em cada esquina e serve para se sobrepor a qualquer dúvida ou hesitação.

A marca de Portugal em Macau está bem vincada e os chineses fazem questão de não apagar nada, antes pelo contrário. A presença histórica está lá para que todos vejam e apreciem e possam recordar o que foi esta relação secular entre dois povos que sempre se respeitaram e apreciaram mutuamente. Cada palestra, cada seminário, qualquer fórum tem registos e marcas de Portugal e, curiosamente, vamos assistindo a que a ligação da China ao nosso País também introduza e alargue o pensamento aos países de língua portuguesa.

Embora Macau seja território chinês, torna-se mais fácil e acessível a Portugal e aos portugueses do que aos cidadãos chineses. Os portugueses não precisam de visto de entada, nem lhes é vedada a circulação nem imposta qualquer barreira. O contrário já não acontece com os cidadãos chineses que estão mesmo ali ao lado. Macau é uma espécie de pérola autónoma, afiliada a mais de 50 organizações internacionais e mantendo relações comerciais com mais de 100 países em todo o mundo. Por tudo isto vale a pena pensar-se em Macau e apoiar iniciativas como a MIF, cuja presença de Portugal está a cargo da AJEPC, dirigida por jovens de valor e de saber fazer.

São estes jovens que souberam interpretar uma presença histórica de quase 500 anos e a transformaram numa realidade económica para projetar o futuro sem atropelos em qualquer das partes.

JP