O padre Luís Miguel Mendes desvalorizou os abusos sexuais cometidos. Numa reunião com vários alunos, o vice-reitor do Seminário Menor do Fundão alegou que os atos apenas poderiam ser considerados graves se fossem consumados. A revelação foi feita durante os depoimentos para memória futura prestados pelos 17 alunos do seminário.
As gravações continuaram a ser ouvidas, ontem, no Tribunal do Fundão, onde o padre está a ser julgado por abusar de seis menores. Durante a gravação dos depoimentos – o que evita que as vítimas e os menores que são testemunhas tenham de ir a tribunal – os jovens contaram que assim que os rumores dos abusos começaram a circular no seminário, o padre chamou todos os alunos do 7º ano.
Acreditava que tinham sido as crianças mais novas a revelarem o que se passava. A reunião ocorreu no início de dezembro, poucos dias antes de o padre ser preso, e Luís Miguel Mendes, de 37 anos, fez questão de desvalorizar os atos. Um aluno contou que o sacerdote estava muito enervado, disse várias vezes que não era homossexual e que os atos não tinham qualquer importância caso não fossem consumados. Eram apenas demonstrações de carinho e afeto.
“Não querem esquecer isto tudo? Voltamos a ser amigos como antes”, terá dito o padre Luís aos menores, segundo o testemunho prestado por um aluno para memória futura.
Para a terceira sessão de julgamento estavam ontem arroladas três testemunhas, que acabaram por não ser ouvidas. Os seus depoimentos foram adiados para a sessão de amanhã.