O QUE ESPERAR PARA 2020

Correio da Manhã Canadá

Há poucas alturas do ano tão ricas em tradições e simbologias como os últimos dias de dezembro. Depois das celebrações em torno da árvore, do presépio ou das iguarias natalícias, é hora de vestir roupa nova, comer doze passas, beber champanhe, bater com panelas e até, para os mais corajosos, dar um mergulho no mar!

A existência de rituais e de tradições é um aspeto que marca a condição humana e isso não é novidade nenhuma. Adotamos certos comportamentos e apropriamo-nos de diferentes símbolos por uma questão de identidade, pertença e afirmação social, fenómeno muito presente, aliás, nas manifestações culturais da comunidade portuguesa no Canadá. Mas esta riqueza de rituais nesta altura do ano, em específico, dá que pensar.

A intensa carga simbólica deste período remete para uma necessidade premente e quase visceral das pessoas: fechar e abrir novos ciclos, fazer balanços sobre os aspetos positivos e negativos de determinado período e esperar que o futuro corra melhor. A renovação é essencial à existência e essa ideia pode ajudar a explicar a multiplicidade de rituais nesta altura do ano.

A atmosfera é de renovação, mas não sejamos ingénuos: 2020 vai continuar a ser palco de conflitos e indecisões um pouco por todo o mundo e Portugal e o Canadá não escapam desta previsão. Do lado de cá, esperam-se discussões acesas em torno de assuntos como a expansão do Trans Mountain, o separatismo no Ocidente ou as metas ambientais, e em Portugal, antevêem-se debates sobre o Orçamento do Estado, as divisões internas no PSD e no CDS-PP ou a recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa.

2020 vai, certamente, arrastar muitos dos problemas de 2019. Mas não deixemos que isso nos leve a esperança ou a vontade de mudar. Fazendo jus ao simbolismo da Passagem de Ano, que este novo ciclo promova mais diálogo, em detrimento de conflitos, e a esperança de um futuro melhor. E que tal comer as passas e abrir o champanhe com este pensamento?