MAIORES SALÁRIOS, MAIS ECONOMIA

Correio da Manhã Canadá

Quando se dá 1000 dólares a um rico, ele não faz mais do que juntar essa quantia aos valores que já detém. Guarda-os e aumenta a sua riqueza. Pelo contrário, se dá 1000 dólares a um pobre, ele devolve imediatamente esse dinheiro ao sistema económico porque tem mais necessidade de os gastar do que ficar com eles.

Baseados nestes princípios, os políticos fomentam entendimentos entre patrões e trabalhadores para que se movimentem mais capitais. A melhor forma é proporcionar aumentos salariais pensando que os trabalhadores, com mais dinheiro na carteira, reintroduzem esse diferencial na economia do País, gerando mais riqueza e mais trabalho. No entanto, essas políticas devem obedecer a regras e estratégias bem definidas, por forma a não colocarem em risco a saúde financeira das empresas. Não basta dar, é necessário proceder-se com responsabilidade para que o prazer do presente não possa hipotecar os resultados no futuro.

Tudo isto foi o que se passou recentemente no Canadá. O salário mínimo aumentou para 14 dólares por hora no Ontário e é previsível que no próximo ano passe para os 15 dólares, desde que se mantenham os atuais índices de crescimento. No Canadá, cada Província tem as suas leis e os seus regulamentos e com os salários passa-se o mesmo. Por isso, a diferenciação é uma característica do País, ficando reservado ao poder central apenas os parâmetros por que se podem balizar as regras. As maiores receitas salariais registam-se em Alberta e, pelo contrário, a média salarial mais baixa é em Nunavut.

O grande objetivo político no que toca a esta matéria, é que a média salarial consiga cobrir todas as despesas dos cidadãos. A política salarial foi, agora, alterada em termos percentuais, e embora considerada por muitos agentes económicos, de forma inusitada e exagerada, ela aconteceu precisamente, porque a economia do Canadá, tal como a maioria dos países ocidentais, continua a registar grande competitividade, contribuindo assim para que o País seja um dos maios ricos do mundo.

É provável que a inflação regresse como em anos do passado e que a atuação dos bancos se torne mais agressiva. Mais dinheiro nos bolsos das pessoas gera aumento de preços e a primeira certeza é o inevitável aumento das taxas de juro. Mas quem ganha é a economia do País, porque o rendimento real das famílias poderá ficar igual ou nem melhorar. Este início de ano marca já algumas correções nos resultados dos investimentos e deixa para trás a velha fórmula de a economia ser sustentada artificialmente pelos bancos centrais. Por exemplo, até há pouco tampo, havia muitos investidores que pagavam à Alemanha para lhes guardar o dinheiro.

Ao contrário do que se está a passar no vizinho norte americano, todos sabemos que a economia canadiana cresce muito à custa de apertadas, e bem-sucedidas, políticas de imigração. Até 2020, o Governo continuará empenhado em legalizar cerca de 350 mil trabalhadores por ano. Os dados oficiais, e é só desses que falamos, dizem que cerca de 2 por cento da população do Canadá é de origem portuguesa.

Jorge Passarinho