A IMPORTÂNCIA DA DEFESA

Correio da Manhã Canadá

O Instituto da Defesa Nacional, em Lisboa, promoveu durante os últimos quatro meses o XI Curso de Segurança e Defesa para Jornalistas. Mais não foi do que proporcionar aos jornalistas selecionados (e o nosso jornal esteve presente) uma visão abrangente e alargada sobre a geoestratégica e a geopolítica modernas. Foram muitas horas a debater como está o mundo e como se posicionam os países para possíveis cenários de conflito.

Portugal e a NATO foi tema de relevo, dado que desde a II Guerra Mundial foi alterado o conceito de Nação, passando a estabelecer-se a ideia de soberania por segurança, em que a defesa passou a ser coletiva, baseada numa estrutura militar integrada. As regras da ordem internacional mudam e os conceitos de defesa têm de ser adaptados à realidade.

Há desvios sobre a preocupação transatlântica e o espaço de manobra alarga o seu controlo sobre mais territórios, por vezes sem grande critério. O relacionamento entre países não é constante e há que travar “batalhas” diplomáticas para a manutenção da ordem, pois a segurança dos pequenos países está unicamente assente no Direito Internacional.

Cada País e cada organização encara o seu espaço e a sua posição como poder. Os países que controlam os oceanos, controlam o comércio do mundo. Quem controla o comércio controla a riqueza do mundo. E quem controla a riqueza, controla o próprio mundo. Esta é a melhor visão sobre como encarar a geopolítica contemporânea. Todos querem mandar ou influenciar o sistema internacional, gerindo as suas próprias forças.

Hoje, as grandes potências falam mais em defesa do que em guerra. Mas há que se estar preparado para tudo e o terrorismo é a ameaça do momento. Os conflitos atingem civis e inocentes como forma de pressão e todo o manancial de guerra existente tem que se virar para as novas realidades. Embora vários países ameacem com o botão da destruição que poderá fazer disparar a guerra, o mundo projetou-se para outros lados com outras preocupações.

A sociedade civil parece ter esquecido os confrontos armados e só quer ver conflitos na área económica. Todos sabemos que os militares estão bem presentes e aptos a intervir em caso de necessidade, mas as sociedades modernas habituaram-se a depender dos Media e não dos militares e a guiarem as suas trajetórias baseadas no que é noticiado. O resto não interessa e a verdade é que as novas ameaças são precisamente aquelas que surpreendem pela falta de notícia.

Embora o tema principal seja a paz e a segurança, o equilíbrio encontrado é suscetível de ameaças e de preocupações. A maioria dos governos preocupam-se mais com a segurança e com a ordem pública do que com a Defesa. Dá mais visibilidade e votos e ao não incluírem a Defesa nas suas prioridades correm o risco de contribuírem a médio prazo para a instabilidade. Sem paz e segurança não há economia que resista.

Jorge Passarinho