O HOMEM ESTÁ ULTRAPASSADO

Correio da Manhã Canadá

Sem darmos muito por isso, estamos a assistir à quarta revolução industrial que vai mudar sistemas, hábitos, modos de vida e quase a obrigar-nos a sermos todos iguais. O mundo está a ficar cada vez mais parecido com um funil, não permitindo espaços para a diferença nem para a alternativa. E quando o poder fica nas mãos de uns quantos e de forma errada, a coisa pode tornar-se perigosa.

Tal como as redes sociais vêm ajudando a destruir a Comunicação Social, de forma a que tudo é feito sem tratamento e ética, a vida física de todos nós, tal como a vivemos e sentimos, passará a estar sujeita a processos avançados enquadrados nos novos sistemas ciber-físicos.

A internet pôs os Homens a comunicarem entre si, de forma diferente e nunca antes sentida. Hoje, já se fala na internet das coisas, ou seja, colocar todo um mundo em ligação. Através dos novos sistemas, as máquinas passam a interferir com outras máquinas sem recurso ao homem. A produtividade passará a ser maciça e as capacidades de gestão de qualquer coisa ou evento poderão ficar a quilómetros de distância.

O homem definiu que a economia é melhor ou pior dependendo do custo marginal da produção. Quando se fabrica algo e o custo marginal é nulo, os ganhos de produtividade atingem os melhores valores graças à inteligência artificial e isso só é possível com máquinas e sem a interferência humana.

O homem está ultrapassado e o melhor exemplo vem da área da medicina, em que o melhor cirurgião já não é definido como um médico, mas sim como um robot, pois o médico treme e o robot é 100 por cento eficaz. Está em curso uma verdadeira revolução na medicina crónica do mundo. Para se acabar com o tráfico de órgãos humanos, a robótica criou a possibilidade de se fabricarem órgãos artificiais totalmente compatíveis. A tecnologia tem produzido valor e bem-estar e quem não quer ser beneficiado com todos estes avanços? Critica-se, mas beneficia-se e assim vamos continuar nos tempos mais próximos.

Ainda neste âmbito da cibernética, há um projeto europeu, já em curso, que visa criar uma plataforma de produção com base na “cloud” para ser aplicada em todas as regiões do velho continente, envolvendo centros de competência. Portugal está na origem do projeto e entre outras valências podemos referir que em breve deixará de existir a tradicional forma de se fazerem inventários. Todas as coisas já são etiquetadas e através da inteligência artificial todas as etiquetas passam a ser detetadas por antenas para gestão de stoks. De facto, a Europa inventou quase tudo, mas são as empresas americanas de computação que mandam nas regras deste “jogo”.

No outro lado, a Ásia é a zona do mundo onde há mais recurso à robótica. Aplicar robotização maciça em países muito populosos talvez não seja a melhor receita, dado que mais tarde ou mais cedo irão chegar os problemas sociais. Tudo isto é bonito, mas há já quem defenda que o mundo precisa de equilíbrios, dado que nenhuma cultura sobreviveu quando quis ser a única.

Jorge Passarinho