GOVERNADOR DO BANCO DE PORTUGAL NEGA CONFLITO DE INTERESSE EM FÉRIAS EM VALE DE LOBO

LusaLisboa, 15 fev (Lusa) — O governador do Banco de Portugal recusou hoje conflito de interesse por ter passado férias em Vale de Lobo, referindo que não participou na reunião em que foi dada a aprovação final ao crédito da CGD àquele projeto

“O governador entende que não existe qualquer conflito de interesses nesta decisão, dado que, como resulta da auditoria da EY à CGD [Caixa Geral de Depósitos], o financiamento da CGD a Vale do Lobo teve a aprovação final numa reunião do Conselho Alargado de Crédito que não contou com a presença do sr. governador”, lê-se no esclarecimento hoje divulgado pelo Banco de Portugal.

O Jornal Económico noticiou hoje que Carlos Costa passou férias em Vale de Lobo, em 2013 e 2014, quando o empreendimento já estava a falhar há quatro anos no pagamento do crédito concedido pela CGD.

O jornal cita a revista Sábado, que na semana passada noticiou que Carlos Costa participou na reunião de Conselho de Crédito de 27 de julho de 2006, que votou favoravelmente o crédito para a compra do empreendimento turístico no Algarve.

Segundo o banco central, no esclarecimento divulgado, o governador passou férias no empreendimento de Vale de Lobo de 06 a 16 de agosto de 2013 e de 09 a 16 de agosto de 2014 e pagou os “valores praticados pela empresa em cada ano, não tendo beneficiado de qualquer desconto”.

O arrendamento do espaço de férias, acrescenta a informação, “foi tratado com os serviços comerciais do empreendimento de Vale do Lobo”.

O esclarecimento termina a dizer que o governador “está totalmente disponível, como sempre esteve, para prestar todos os esclarecimentos que a Assembleia da República entender necessários, designadamente sobre os termos da sua participação nos órgãos colegiais que aprovaram as operações que são objeto da auditoria da EY à CGD”.

Este já é o terceiro esclarecimento do governador do Banco de Portugal desde que foi conhecida a auditoria da EY à gestão da CGD entre 2000 e 2015 e a sua participação, enquanto administrador do banco público entre 2004 e 2006 (responsável pelas áreas de ‘marketing’ e internacional), em reuniões do Conselho Alargado de Crédito nas quais foram aprovados empréstimos que deram significativos prejuízos ao banco público.

A Assembleia da República aprovou hoje, por maioria, uma nova comissão de inquérito à gestão na CGD, entre 2000 e 2015.

IM (NS)// CSJ

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