DO SONHO AO PESADELO

Correio da Manhã Canadá

A América sempre foi classificada como a terra do novo mundo, da esperança e das oportunidades. Desde sempre o sonho americano orientou as vidas de tanta gente das mais variadas partes do mundo. A América representava a salvação, a igualdade de direitos e todos os caminhos apontavam nesse sentido.

A nova ordem internacional alcançada com o final da II Guerra Mundial encarregou-se de dividir o mundo entre o capitalismo e o comunismo. Durante a Guerra Fria os dois blocos mostravam o melhor de si, cada qual com a sua propaganda, para cativar simpatias e oferecer as melhores condições de vida.

O slogan American Way of Life oferecia tudo, incluindo as oportunidades de trabalho, de riqueza, exemplo de família e formas de viver. Houve quem arriscasse a vida para chegar à América e cada qual que fugia do bloco comunista era encarado como herói das liberdades.

O anterior Presidente americano, Barack Obama, criou mesmo um programa para proteger da expulsão do território americano as centenas de milhares de imigrantes clandestinos que chegaram aos Estados Unidos quando eram menores e cuja decisão de fugirem para solo americano, nunca lhes pertenceu, pois eram arrastados pelas famílias.

O novo Presidente Donald Trump prometeu, durante a campanha eleitoral, que uma vez chegado ao poder poria termo a esse programa. E da promessa à prática foi um instante. A partir de agora os sonhadores da América deixam de poder estudar ou trabalhar nos Estados Unidos e todos os que beneficiaram até agora desse programa, terão de aguardar uma decisão do Congresso, que deverá ocorrer dentro de oito meses. Isto é, a passagem de novos vistos e a renovação dos já existentes são metas difíceis de alcançar e quem não os tiver fica sujeito à deportação.

Os jovens que chegaram à América em idade menor e que sempre cumpriram as exigências das várias Administrações vêem-se agora encostados entre a espada e a parede. Ao longo das suas vidas passaram todas as informações que lhes pediam para permanecer em solo americano. Neste momento, são as presas mais fáceis de capturar, uma vez que as autoridades dispõem de todos os dados dessas largas centenas de milhares de cidadãos. Sabem quem são, onde vivem, o que fazem, porque sempre colaboraram com os serviços de imigração.

O sonho americano está em crise. Gente que nunca conheceu outra terra senão a América, vê-se agora na contingência de ser expulsa sem saber para onde ir. Alguns poderão ser expulsos para terras onde nem sequer se fala a sua língua e, quem sabe, se muitos deles faziam parte dos lotes de gente proveniente de países de ideologia comunista e que serviram de montra ao orgulho americano de mostrar ao mundo que a solução estava no American Way of Life.

JP