CENTRO NACIONAL DE ARQUEOLOGIA NÁUTICA E SUBAQUÁTICA PRONTO NO FINAL DO ANO

LusaLisboa, 10 jul (Lusa) — A instalação do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática (CNANS), em Xabregas, na zona oriental de Lisboa, deverá estar pronta no final do ano, revelando um investimento de cerca de 1,3 milhões de euros, foi hoje divulgado.

Os prazos de conclusão da instalação do CNANS, nuns antigos armazéns, foram hoje avançados pelo ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, no decorrer de uma visita às obras, feita com a Comissão Parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, aberta à comunicação social.

Em declarações aos jornalistas, o ministro sublinhou que o CNANS será “um centro de investigação” e que “o melhor destino das peças é irem para os museus junto das respetivas comunidades”.

Atualmente, estão à guarda do CNANS cerca de 14.000 peças, segundo dados oficiais.

A diretora-geral do Património Cultural, Paula Araújo Silva, tinha já definido que o CNANS, ao contrário da “política errática do passado”, irá apostar numa “política de ‘rollman'”, isto é, as peças dão entrada, são tratadas e depois devolvidas às regiões de onde são originárias, explicou.

Assim, as pirogas, encontradas na margem esquerda do rio Lima, no Minho, podem vir a fazer parte do espólio de um museu em Viana do Castelo, que está a preparar-se para as receber.

Em Sesimbra, no distrito de Setúbal, irá ser instalada uma reserva subaquática, e as peças de ferro ali encontradas, de igual modo, também podem vir a ser devolvidas ao oceano, num contexto de conservação periódica, e com a possibilidade de instalar um ‘spot’ de mergulho, que vai permitir a sua visita. Esta reserva ficará sob a alçada do Museu Marítimo de Sesimbra, instalado na Fortaleza de Santiago.

Vila do Conde é outra autarquia que deverá receber peças achadas nos limites geográficos do concelho, foi hoje avançado.

Em declarações à agência Lusa, Paula Araújo Silva disse que a instalação do CNANS em Xabregas, incluindo as obras, o processo de mudança e a aquisição de uma liofilizadora, máquina essencial para o processo de conservação das peças, orça cerca de 1,3 milhões de euros.

Para o processo de mudança do acervo, do armazém onde se encontra, no Mercado Abastecedor da Região de Lisboa (MARL), em Loures, cujo concurso será “lançado em breve”, foi ‘descativada’ uma verba de 500 mil euros da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), disse Paula Araújo Silva.

Em Xabregas, além do CNANS, será instalado o “arquivo morto” da DGPC, que ocupará uma área de 425 metros quadrados (m2), e a área comercial, relativa às lojas da DGPC, que abrange 650 m2.

Referindo-se à projetada área de “arquivo morto” que inclui, entre outros documentos, os ‘canhotos’ dos bilhetes de entradas nos museus e monumentos, o subdiretor-geral da DGPC e responsável pela adaptação do espaço, arquiteto João Carlos dos Santos, disse que “os corredores do Palácio Nacional da Ajuda [sede da DGPC], que estão ocupados com área de arquivo, vão passar a ser corredores”, acrescentando que a tutela está a proceder a uma “reestruturação profunda dos arquivos”.

O CNANS, que terá duas entradas, pela rua de Xabregas e pela rua da Manutenção, incluirá tanques de imersão e de impregnação, uma liofilizadora, orçada em 90.000 euros, e que já se encontra em Portugal, uma estufa seca, um laboratório, dois arquivos, uma biblioteca, um centro de documentação, uma área administrativa, uma outra para investigadores, reservas para materiais orgânicos e inorgânicos, e um espaço polivalente, que “poderá funcionar para colóquios, ações de formação, ou exposições temporárias”, disse João Carlos dos Santos.

O responsável disse que a ocupação deste espaço tem um custo mensal de 8.150 euros, pago à Direção-Geral do Tesouro e Finanças, no âmbito do protocolo de cedência, assinado com a DGPC.

Tanto o ministro da Cultura como o subdiretor-geral do Património Cultural, o arquiteto João Carlos dos Santos, sublinharam que todo o projeto de arquitetura, do qual é responsável, foi realizado exclusivamente por técnicos da DGPC.

João Carlos Santos destacou, por seu turno, “que [tal] não foi fácil”, designadamente pelo “curto espaço de tempo” que tiveram.

O ministro reconheceu que “o quadro de pessoal é diminuto”, mas afirmou que espera vir a aumentá-lo, pois, como disse, “o caminho faz-se caminhando”.

“Outros orçamentos virão”, disse Castro Mendes, referindo “que, no quadro do atual orçamento, se aumentou em duas unidades o pessoal e, no futuro, a existência deste novo CNANS, vai levar com certeza a um alargamento dos quadros”.

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