CANADÁ SOB PRESSÃO EM ENCONTRO DE LÍDERES DA NATO

Correio da Manhã Canadá

Justin Trudeau acaba de partir para Londres, onde decorre, entre hoje e amanhã, a reunião dos líderes dos países membros da Organização do Tratado Atlântico Norte (NATO), que assinala o 70º aniversário do bloco. O encontro acontece depois da aliança ter concordado em redistribuir custos e reduzir a contribuição dos Estados Unidos da América (EUA) ao seu orçamento central e deverá ser palco de temas sensíveis para o Canadá.

A gigante de telecomunicações chinesa Huawei será um dos assuntos em cima da mesa. Recentemente, a administração Trump declarou que “não é do interesse dos aliados” incluir a empresa nas respetivas redes sem-fios 5G, numa mensagem dirigida ao Reino Unido e ao Canadá. É provável que Trudeau seja confrontado sobre esta matéria, já que a decisão do governo liberal relativamente à participação da Huawei na plataforma ainda está por tomar.

A defesa é outro assunto quente que deverá pôr o Canadá à prova. Recentemente, a Casa Branca renovou o apelo feito a Ottawa, lembrando que o país deve alinhar-se aos aliados no que toca ao investimento de 2% do produto interno bruto (PIB) na defesa. Ainda que o Canadá já se tenha comprometido em aumentar os gastos com a pasta, especialistas dizem que Trudeau não deverá arriscar essa decisão, sobretudo no contexto do seu frágil governo minoritário.

Do lado de Portugal, estarão presentes o primeiro-ministro, António Costa, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, e o ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho. O titular da pasta da defesa portuguesa defendeu há poucos dias que o futuro da aliança deve responder às “ameaças novas” que “podem minar a capacidade de defesa da nossa sociedade” e apelou a uma “relação complementar e harmoniosa” entre a NATO e Europa. A tentativa de mostrar essa “relação complementar e harmoniosa” deverá, efetivamente, ditar o comportamento dos líderes dos 29 estados membros na cimeira. Apesar disso, o encontro não está livre de fricções, mais ou menos silenciosas, já que o nervosismo entre membros se tem vindo a intensificar, sobretudo desde que Donald Trump dediciu, em outubro, retirar as forças americanas da Síria, à revelia dos aliados.