AS “TRUMPALHADAS” CHEGAM A LONDRES

Correio da Manhã Canadá

Inesperadamente, o Presidente norte americano cancelou uma visita programada para Londres e que deveria coincidir com a inauguração da nova embaixada dos Estados Unidos na capital inglesa. Esta visita foi pensada há um ano, após a viagem da primeira ministra britânica, Theresa May, a Washington, por ocasião da tomada de posse de Donald Trump.

As relações entre os Estados Unidos e o Reino Unido sempre se pautaram por grande proximidade e muito sincronismo no que se refere à cooperação bilateral a todos os níveis. Desde que o Reino Unido reconheceu a independência dos Estados Unidos no ano de 1783, em Paris, houve registo de algumas tensões diplomáticas, mas resolvidas rapidamente em nome da boa parceria, dos bons costumes e da cultura anglo saxónica.

A perfeita relação e sem grandes máculas pelo meio iniciou-se durante a I Guerra Mundial e, desde então, os dois países têm seguido um caminho quase comum. Ambos são membros fundadores da NATO e consultam-se, constantemente, para a melhor resolução dos seus problemas e conflitos. O ponto mais emblemático da História recente foi a invasão do Iraque de Saddam Hussein, apesar da crítica de muitos parceiros ocidentais.

Com a aprovação do Brexit, o Governo de Londres passou a olhar para Washington com maior interesse e proximidade. A visão atlântica substituía na perfeição a experiência europeísta que os britânicos tinham rejeitado. Para melhor cumprimento deste sentimento, nada mais agradável do que receber em Londres o Presidente americano e mostrar ao mundo onde está a aliança, a força e o poder.

Aconteceu que o presidente da câmara de Londres, Sadiq Khan, de ascendência paquistanesa, começou há algum tempo a manifestar-se contra a visita de Trump à sua cidade. E Trump, ao seu melhor estilo, decidiu cancelar a viagem não com receio dos protestos e manifestações de contestação, mas alegando que não pretendia ficar ligado à inauguração de um espaço diplomático que considera mau negócio imobiliário.

O que se passa é que ainda durante a Administração de George W. Bush, os Estados Unidos decidiram mudar a sua embaixada em Londres por razões de segurança. O Presidente seguinte Barack Obama deu continuidade ao projeto e, agora, Donald Trump pôs tudo em causa, valorizando mais os milhões que se perderam no negócio imobiliário do que os milhões que se poupam em segurança. Uma preocupação presidencial que não faz sentido, desajustada e ridícula.

No quadro europeu, Theresa May acaba por perder a influência que uma visita destas lhe poderia proporcionar e numa altura em que o divórcio com a Europa avança, mas com crescentes vozes críticas a reivindicarem novo referendo. Por seu lado, Trump exibiu-se como lhe é reconhecido e nomeou o seu secretário de Estado, Rex Tillerson, para as cerimónias de inauguração da nova embaixada americana em Londres.

Jorge Passarinho