AS IMPOSSIBILIDADES QUE NOS IMPOMOS EM “QUARTO MINGUANTE” NO TEATRO D. MARIA II

LusaLisboa, 13 nov (Lusa) — As limitações e as impossibilidades que os seres humanos impõem a si próprios são o tema central da peça “Quarto minguante”, um texto de Joana Bértholo que se estreia na quinta-feira, no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa.

Num palco onde imperam os amarelos e laranjas, cores que se estendem também ao figurino dos atores, seis personagens vão discorrendo sobre as suas situações, sem que haja um fio condutor que as entrelace.

É como se decorressem duas peças em simultâneo: uma do lado esquerdo do palco e outra do lado direito.

Em comum, as seis personagens têm apenas o facto de não se encontrarem bem, mas também nada fazerem para mudar.

Por temerem que o novo seja ainda pior, as seis personagens deixam-se ficar nas suas zonas de conforto, sem sequer mostrarem vontade de algo fazerem para inverter a situação.

“O que se passa dos dois lados da peça articula-se com o próprio tempo da peça, e vai-se ligando à medida que o espaço vai encolhendo”, explicou à agência Lusa o encenador Álvaro Correia.

Segundo o encenador, “há uma espécie de cada um no seu espaço, embora estejam todos a partilhar o mesmo espaço, mas é com o encolhimento do centro da ação que vamos construindo o sentido da peça”.

Instado a explicar a peça, Álvaro Correia define tratar-se de um espetáculo sobre o que é uma impossibilidade e sobre o motivo pelo qual criamos tantas impossibilidades nas nossas vidas.

“Daí este ‘leitmotiv’ constante que se ouve na peça que é o ‘Não sais porquê?'”, referiu, acrescentando ser também esta a frase que define a peça.

“Porque é que temos tantos problemas em lidar com a modificação, com o deixar uma situação que não nos é agradável para transformar para outra mais favorável, mesmo que seja mais arriscada?”, é isto que esta peça aborda, referiu.

“Quarto minguante” foi escrita no contexto da primeira edição do Laboratório de Escrita para Teatro do D. Maria II, e transforma-se agora na primeira produção do teatro que resulta do projeto.

São intérpretes Cristina Carvalhal, Gustavo Salvador Rebelo, José Neves, Manuel Coelho, Paula Mora, Rita Rocha e Sílvio Vieira.

A cenografia e figurinos são de André Guedes e, no espetáculo, são lidos excertos de textos de Antonin Artaud, Diógenes Laércio, Franz Kafka, Mahatma Gandhi, Malcom X, Mario Vargas Llosa, Marquês de Sade e Voltaire.

A peça vai estar em cena na sala Estúdio, até 16 de dezembro, com espetáculos de quarta-feira a sábado, às 19:30, às quintas e sextas, às 21:30, e, aos domingos, às 16:30.

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