ABSENTISMO NA SAÚDE É PREOCUPANTE E RETRATA MOTIVAÇÃO DOS PROFISSIONAIS – ADMINISTRADORES

LusaLisboa, 16 fev (Lusa) — Os administradores hospitalares consideram preocupante o aumento do absentismo geral no setor público da saúde e avisam que pode retratar o estado das condições de trabalho e a motivação dos profissionais.

O presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, Alexandre Lourenço, sublinha que as faltas ao trabalho na saúde em 2018 atingiram níveis “muito elevados”, apresentam tendência de crescimento ao longo dos últimos anos e que isso deveria merecer atenção especial por parte do Ministério da Saúde e também dos hospitais.

“A ausência geral é preocupante, uma vez que retrata muitas vezes as próprias condições de trabalho e motivação dos profissionais”, declarou Alexandre Lourenço à agência Lusa.

Sobre as ausências dos trabalhadores do Serviço Nacional de Saúde por motivo de greve em 2018, o representante dos administradores hospitalares considera que refletem um ano “extraordinariamente conflituoso”.

A Lusa divulgou hoje dados oficias que demonstram que as faltas ao trabalho no setor da saúde por motivo de greve voltaram a disparar em 2018, para mais de 180 mil dias de trabalho perdidos.

As ausências por todos os motivos, que não apenas as greves, subiram também em 2018, passando para o equivalente a mais de quatro milhões de dias perdidos.

Com base nestes dados, Alexandre Lourenço indica que o absentismo total pode equivaler a uma média diária de 16 mil trabalhadores em falta. Quanto às ausências por greve, correspondem a 725 colaborares em falta, em média, diariamente.

“É um número muito elevado [o das ausências por greve], e é muito elevado comparando com os anos de 2014, 2015 e até 2016”, refere o presidente da Associação dos Administradores Hospitalares.

Apesar do aumento do absentismo global, Alexandre Lourenço destaca que o Serviço Nacional de Saúde conseguiu em 2018 fazer mais consultas médicas e teve apenas um ligeiro decréscimo de cirurgias.

“Isto mostra a resiliência do sistema e a grande resiliência e elevados níveis de produtividade dos profissionais de saúde”, comenta.

Lembra ainda que os hospitais têm, desde 2015, um “problema grave de autonomia”, sendo incapazes de substituir de forma célere e eficaz as ausências prolongadas dos profissionais, por doença ou parentalidade.

Alexandre Lourenço indica ainda que será importante perceber que efeito teve o absentismo global no setor público da saúde nas horas extraordinárias dos profissionais.

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